Ministério da Saúde assume “erro humano” mas descarta contágio com VIH/SIDA à criança


O Ministério da Saúde (MINSA) admitiu nesta quarta-feira (14), em Luanda, haver um diagnóstico “negativo” à criança transfundida com sangue contaminado com o vírus de VIH/Sida numa das unidades hospitalares da capital do país recentemente, por erro humano.

O caso ocorreu na segunda-feira no hospital Josina Machel, em Luanda, quando a pequena Emilia de 7 anos, deu entrada com problemas de estomatologia e com sintomas de anemia, tendo recebido uma transfusão de sangue, aparentemente contaminado com o vírus HIV.

O caso foi detetado menos de 24 horas depois da transfusão e nesta quarta-feira (14) de Novembro, o secretário de Estado para a Área Hospitalar angolano,  Leonardo Europeu Inocêncio, numa conferência de imprensa, assumiu que houve “erro humano” e que a equipa que estava então de serviço foi suspensa, tendo-se iniciado um inquérito para apurar responsabilidades.

Ao falar em representação da ministra da Saúde, Silvia Lutukuta, ausente do país em missão de serviço,  Leonardo Inocêncio ressaltou que só dentro de seis meses se poderá informar o diagnóstico real da criança que se encontra a receber tratamento médico no Hospital Pediátrico “David Bernardino”, em Luanda.

O responsável reconhece ter havido “infelizmente” erro humano no caso, pelo que lamenta e solidariza-se com a família da menor, garantido a continuidade do tratamento da mesma tanto no país, como no exterior, cuja transferência vai ocorrer tão logo estejam ultrapassadas algumas questões administrativas (documentação de membros da família), cujos tramites correm em cooperação com o Ministério da Justiça.

Garante que o quadro clínico da vítima é satisfatório, porquanto “está clinicamente estável”, tendo enfatizado que antes de 72 horas após a ocorrência, que é o recomendado, iniciou o tratamento profilático e em situações de género há probabilidade de mais de 90 porcento de não contrair a doença, segundo dados científicos citados por si.

Reiterou o apelo à população no sentido de continuar a confiar nos serviços da Saúde em Angola em particular dos médicos, notando que podem, por exemplo, entrar pela porta do Hospital Josina Machel e fazer uma tranfusão de sangue, salientando que o caso em análise é o primeiro de género que acontece no país.

Depois de reconhecer o grau de honestidade da equipa que esteve de serviço no dia da ocorrência dos factos, anunciou a suspensão dos supostos envolvidos e a instauração de um inquérito para apuramento de responsabilidades. Esclareceu que o dador de sangue não  sabia que era positivo.

Por sua vez,  o secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malavoloneke, que também participou da referida conferência de imprensa, informou que a razão da não comunicação atempada visou preservar a imagem da criança, devido ao estigma.

Em relação a uma responsabilização civil e, eventualmente, criminal, o caso está já nas mãos da Procuradoria-Geral da República, a quem competirá conduzir essa parte do processo.

“O Ministério da Saúde lamenta profundamente o sucedido e reitera o seu compromisso em detetar as vulnerabilidades do processo que tornaram a falha possível e corrigi-las para evitar a sua repetição. Manifesta a sua total solidariedade com a paciente e família à qual prestará, como está a fazer, toda a assistência no sentido de evitar que ela venha a se contaminar”, lê-se, entretanto, num comunicado oficial.

A divulgação do incidente tem dominado grande parte dos debates nas redes sociais em Angola, tendo a deputada Welwitschea dos Santos, também conhecida por “Tchizé”, manifestado à família da criança “total disponibilidade” para custear a “medicação e controlo” do tratamento.


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