Polícia de Salvador é acusada de matar 15 jovens negros em menos de três dias


A Polícia Militar da Bahia, no nordeste brasileiro, está a ser acusada pela morte de 15 jovens negros em três dias na capital Salvador, durante três operações especiais.

Police patrol past the "rifle wall" pockmarked by bullets in the Nordeste de Amaralina slum complex in Salvador

A polémica começou na última sexta-feira quando 30 homens trocaram tiros com os agentes da polícia. Segundo a Tribuna da Bahia, as autoridades informaram que agiram contra o grupo porque suspeitaram de uma tentativa de roubo a uma agência bancária. Doze pessoas morreram no local e outros três feridos seguiram para o hospital.

Ao realizar uma busca na Estrada das Barreiras, próxima ao bairro Cabula, a polícia foi surpreendida com tiros e um sargento foi atingido na cabeça de raspão. Contudo, o site brasileiro Carta Capital, citando o jornal Correio, publicou na última segunda-feira um artigo no qual uma testemunha desmente a versão oficial da polícia.

O homem, que não é identificado, afirmou que os suspeitos renderam-se e estavam desarmados quando foram executados. A organização Amnistia Internacional no Brasil também já reagiu pedindo uma investigação ao governo da Bahia. “Os nossos contactos com organizações sociais e relatos da comunidade mostram que há indícios de que algumas dessas mortes foram feitas com as pessoas já rendidas”, afirmou Átila Roque, Director da Amnistia Internacional.

O artigo também dá conta que os agentes da polícia fizeram três vídeos em que aparecem os corpos dos jovens, num é possível ver que um dos homens foi atingido nas costas.

No final de semana, outros três jovens negros foram mortos em operações especiais, desta vez no bairro de Sussuarana, onde, novamente, houve troca de tiros entre a polícia e os suspeitos. Esta última operação decorreu em resposta a um tiroteio em que um agente foi ferido mas não foi possível identificar o atirador.

Numa conferência de imprensa, o governador da Bahia, Rui Costa, disse que a princípio não haverá afastamento de agentes por falta de provas. “Quando uma operação da polícia termina com 12 mortos é vista como normal, isso demonstra a falência do sistema de segurança pública” acrescentou o Director da Amnistia Internacional.


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