“Tornamo-nos num país frio, onde as pessoas não se preocupam com os outros”, diz Paulo Flores


Paulo Flores que participou do Kriol Jazz Festival, na cidade da Praia, Cabo Verde,  disse em entrevista a Lusa, sexta-feira, na cidade da Praia, que Angola se tornou num país muito frio, onde as pessoas não se preocupam umas com as outras, considerando que é preciso apostar em coisas importantes como a educação.

“Acho que institucionalmente ainda há muito a fazer (em Angola). Tornamo-nos num país muito frio, onde as pessoas não se preocupam com os outros e é isso que nós queremos mudar”, disse o músico e compositor angolano na cidade da Praia, após actuar no Kriol Jazz Festival (KJF).

Para o músico, o país deve apostar em coisas importantes como a educação e a memória, fazendo a passagem de testemunho dos mais velhos, como é feito em Cabo Verde, através das escolas de música no país, algo que, lamentou, Angola não tem.

“Ainda nos falta tanta coisa e acho que é por aí, substanciar um pouco o conhecimento porque a criatividade dos jovens é fantástica e estão ávidos por aprender e nos surpreender sempre”, reforçou Paulo Flores, que regressou a Cabo Verde, desta vez para o palco do KJF.

“É sempre um privilégio voltar a Cabo Verde. Tivemos a dar toda a nossa alma e sentir de volta o carinho e o afeto das pessoas, sou sempre muito bem tratado na Praia”, afirmou, dizendo que o festival de jazz, que já vai na sua oitava edição, está de parabéns.

Durante quase uma hora, Paulo Flores deliciou os presentes na Praça Luís Camões com um repertório diversificado a recordar os vários discos já lançados, passando pelo semba mais tradicional, o rebita e pelas músicas mais conhecidas do cantor.

O músico angolano fez ainda uma homenagem a músicos e compositores cabo-verdianos como Manuel de Novas, Cesária Évora, Ildo Lobo, Luís Morais, gente que, disse, conheceu muito bem e que contribuiu muito para a sua formação musical.

Paulo Flores anunciou ainda que o seu próximo disco, intitulado Bolo de Aniversário, sai no mês de Junho.

“Bolo de Aniversário é metáfora para mostrar que o africano tem direito de sonhar, de festejar e de ser feliz”, disse Flores, um dos cantores mais populares de Angola.

Antes do cantor angolano subiu ao palco do KJF o português Carlos Martins e o seu quarteto. O jazz continuou na praça com o marroquino Aziz Sahmaoui e os americanos Spanish Harlem Orchestra.

O Kriol Jazz Festival, organizado pela Câmara Municipal da Praia e pela produtora Harmonia, termina hoje à noite com os espectáculos da cabo-verdiana Dina Medina, da brasileira Tânia Maria, dos americanos Nettwork e de Paco Séry, da Costa do Marfim.

 

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