Morre aos 89 anos nos Estados Unidos B.B. King, o ‘Rei do Blues’


O músico B.B. King, considerado o “Rei do Blues” e integrante do Hall da Fama do Rock and Roll desde 1987, morreu na madrugada desta sexta-feira (15) em Las Vegas, nos Estados Unidos, aos 89 anos de idade, informou seu advogado.

Morreu B.B. King, o guitarrista e cantor que se tornou uma lenda do blues. O músico tinha 89 anos e morreu em Las Vegas, nos EUA, na noite de quinta-feira. Deixa para trás uma vida de melodias inconfundíveis, mais de dez mil actuações ao vivo, 15 Grammy e Lucille , o nome que dava a todas as suas guitarras Gibson.

A notícia foi confirmada por uma das filhas, Claudette King, e pelo advogado do músico.

No início de Maio, o mítico guitarrista fora hospitalizado, tendo tido alta e sido entregue a cuidados domiciliários depois de um outro internamento noinício de Abril devido a problemas de desidratação associados à diabetes tipo II de que sofre desde a década de 1980.

As reacções de pesar já se avolumam nas redes sociais e, no meio musical, vêm de todos os quadrantes. De Ringo Starr a Snoop Dogg, de Bryan Adams ao vocalista dos Kiss Gene Simmons, os elogios a “um dos melhores guitarristas de blues de sempre, talvez o melhor” (Adams) e à “inspiração para milhões” (Gladys Knight) continuam a surgir. “BB, qualquer pessoa podia tocar mil notas e nunca dizer o que dizias com uma”, escreveu Lenny Kravitz no Twitter.

“B.B. toca em algo universal”, disse Eric Clapton, um dos músicos que reconheceu sempre a influência do mestre na sua própria forma de tocar, ao Los Angeles Times em 2005. “Não pode ser confinado a um único género. É por isso que lhe chamo um ‘músico global’.”

Riley Ben King – mais conhecido como B.B. King, sendo as primeiras iniciais relativas a Blues Boy, parte do seu nome de DJ em Memphis –, natural do estado do Mississippi, é considerado um dos maiores guitarristas de todos os tempos. Cresceu numa plantação naquele estado do Sul dos EUA e começou a tocar em bares apenas para negros e em salões de baile na década de 1940, quando a sua mãe já tinha morrido e o pai saído de cena, deixando para trás os anos a trabalhar como ajudante na apanha do algodão. Nascido em 1925 e com memórias da Grande Depressão, os seus primeiros contactos com a música estão intimamente ligados ao gospel.

Mais tarde, ouviria uma guitarra noutro registo que não o do gospel e dos espirituais negros, descobrindo os blues e a sua electricidade. Trabalharia então como DJ numa rádio de Memphis e foi sobretudo um autodidacta, apesar de ter aprendido muito com o seu primo Bukka White, um lendáriobluesman. Inspirações: os blues de T-Bone Walker e Louis Jordan, o som das big bands por Count Basie, mas também Django Reinhardt, Blind Lemon Jefferson ou o jazz eléctrico de Charlie Christian. Esses sons e as tradições do delta do Mississippi, o gospel e outras sonoridades que floresciam na fértil região musical informariam grande parte da sua música e carreira.

“Ser um cantor de blues é como ser negro duas vezes. Quando o movimento dos direitos civis estava a lutar pelo respeito pelos negros, senti que estava a lutar pelo respeito pelos blues”, escreveu King na sua autobiografia, citada pela agência Reuters, Blues All Around Me. Na noite do assassinato de Martin Luther King, em Abril de 1968, deu um concerto improvisado com outra futura lenda do blues e seu discípulo Buddy Guy e com o também mítico Jimi Hendrix.

Parte da listagem dos mais importantes músicos dos EUA e do mundo desde 1987, quando foi integrado no Rock and Roll Hall of Fame, soma mais de 30 nomeações para os Grammy e é autor de canções como Three o’clock blues -depois de ter sido descoberto por Ike Turner, este é o seu primeiro êxito, datado de 1951-, The thrill is gone ou When love comes to town (com os U2). A revista Rolling Stone colocou-o em terceiro lugar no top dos melhores guitarristas de todos os tempos, sendo suplantado por Jimi Hendrix e Duane Allman.

Trabalhou ao longo da sua carreira com alguns dos mais importantes nomes do rock como Eric Clapton, George Harrison, os Rolling Stones, David Gilmour, U2 ou Joe Cocker. As suas guitarras acompanhavam-no para todo o lado, donas do vibrato esquerdino que King lhes imprimia, e a sua história deu-lhes nome: o músico tocava num baile na vila de Twist, no estado do Arkansas, quando dois homens começaram a lutar e, acidentalmente, incendiaram o recinto. No meio da confusão, reza a história, o músico correu para salvar a sua guitarra. Chamou-lhe, e às suas sucessoras, Lucille. Era o nome da mulher que dera origem à luta entre os dois homens.

Conhecido pelos seus concertos com grande frequência, King identifica uma actuação e um momento no tempo em que percebeu que a sua vida e a sua música tinham mudado. Chegavam a mais gente, a brancos. Depois de quase quatro décadas na estrada, tinha granjeado o reconhecimento dos seus pares e do público que tinha colocado as suas primeiras gravações nos tops de r&b. A dimensão das salas em que tocava ia crescendo, a sua base de fãs também – mesmo os guitarristas mais jovens que dominavam a cultura popular internacional prestavam-lhe homenagem como grande influência e em 1968 choraria em palco.

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