O músico angolano Euclides da Lomba expressou, nesse sábado à noite, a emoção por voltar a interagir com os seus fieis admiradores e cantar os maiores sucessos da carreira, em Luanda. Depois do show que aconteceu no “Show do Mês”, o consagrado artista mostrou-se surpreso com o feedback dos fãs.”Eu já pensava que tinha chegado ao limite”.
Após quase duas horas de palco, o artista que se iniciou na música em 1984 disse ter vivido, nesse fim-de-semana, duas “noites memoráveis”, proporcionadas pela produtora Nova Energia.
“A vida tem dessas coisas. Às vezes estamos muito presos a algum outro método de fazer espectáculos e, ao vermos esse contacto, acreditamos que a música angolana ainda tem muito para dar”, expressou o autor de “Livre Serás” e “Desejo Malandro” à imprensa.
Para si, o projecto Show do Mês proporciona “um encontro directo entre o artista e o seu público e praticamente serve de barómetro para este ver até aonde está e onde chegou.
“Eu já pensava que tinha chegado ao limite, mas chegando ali, levanto a cara e tenho essa amabilidade. Só Deus sabe como essas coisas acontecem”, exprimiu.
Autor de temas que se continuam na boca dos fãs, há 20 anos, Euclides da Lomba reconheceu que a sua tarefa no duplo show do fim-de-semana, em Luanda, foi facilitada pela postura do público e pelo encorajamento do amigo Lutchana Mobulo.
“Fui à procura de alguém que soubesse fazer as coisas como ele faz, porque também serviu de motivação para mim. Eu ainda era anónimo e já o Lutchana fazia sucesso”, revelou.
Para si, foi uma honra oferecer um momento de alegria aos fãs que pagaram para ver o show, tendo ressaltado o facto de “um mês antes do evento já se terem esgotado os bilhetes”.
“O artista quer isso; trabalho e reconhecimento por aquilo que faz. São muitos anos e as pessoas, às vezes, não têm noção do que custa fazer uma canção. Somos honrados por as pessoas acreditarem em nós e darem-nos uma oportunidade”, agradeceu.
Questionado sobre os motivos da pouca regularidade nos palcos, disse que se deve a vários factores, sobretudo de índole organizativa, em relação ao mercado.
“Com a idade, tenho estado a escolher alguns eventos para estar. Também o próprio mercado levou-nos assim, condiciona muito (as agências são produtoras de eventos, empresários do artista (…), faz uma salada aí meio complexa que fica difícil não só para mim, mas para outros artistas antigos que ainda têm valor”, declarou.
Euclides da Lomba afirmou que, apesar desse cenário, nunca parou a carreira na totalidade.
“Há uma visão enganosa. As pessoas estão a dizer porque tem os cargos políticos, mas não tem a ver. Uma das condições que pus para aceitar o cargo era de vez em quando vir para fazer os eventos”, declarou.
Precisou que em Cabinda fica difícil promover um evento, porque não tem o mesmo leque de produtores como em Luanda.
“Quem tem de fazer é o governo e fica mal eu, como director da Cultura, participar, dar o cache (…). Tenho de dar oportunidade aos outros. Eu ali desempenho um papel de dar espaço aos outros. Graças a Deus, vou tendo os eventos”, sublinhou.
Por sua vez, Lutchana Mobulo, um dos seus convidados nos dois espectáculos realizados no âmbito do projecto Show do Mês, afirmou que da Lomba “é um grande cantor”.
Para si, o trabalho do companheiro de carreira, em relação a muitos jovens músicos de Angola, “têm uma diferença muito grande”.
“Ele pode fazer uma carreira internacional promissora”, afirmou, embora julgue que a língua portuguesa possa ser, para o amigo, um empecilho para a internacionalização.
“Tem tudo para fazer uma carreira muito grande”, vincou, acrescentando que, na condição de Euclides da Lomba, “é muito difícil aceitar convites”.
“É preciso saber com quem você pode cantar. Cantar à frente do povo que ama a sua música é outra coisa”, finalizou.
Na noite de sexta-feira e de sábado, da Lomba fez um regresso ao passado e, com 20 canções, renovou o pacto com os seus admiradores.
Em quase duas horas de palco, cantou os seus temas de maior sucesso, como “Recado num Semba”, “Quem Me Ama”, “Falso Confidente”, “Buscando Teu Corpo”, “Mil Motivos”, “Jeito Atravido”, “Angústia Fatal”, “Livre Serás”, “Parrandeira”, “Tchutcha”, “Regressa”, “Desejo Malandro” e “Caso de Amor e Ternura”.
AR/Angop