Cerca de 51% da população brasileira declara-se negra ou “parda” (mistura de raças), mas são poucos aqueles que sabem dizer qual a sua origem africana. É esse o tema do documentário ‘Brasil: DNA África’, resultado de uma parceria entre a Globo Filmes e a GloboNews.
“Durante 400 anos, o Brasil recebeu mais de 5 milhões de africanos escravizados. Foi a maior migração forçada da história da humanidade”, indica o documentário que estreia dia 9, às 22h15, na Globo, intitulado ‘Brasil: DNA África’.
Sob a direcção de Mônica Monteiro, do Cine Group, o filme propõe-se a investigar a ascendência e a importância dos africanos na construção do país. Trata-se da história de cinco afro-descendentes e a sua jornada em busca das suas raízes. Uma viagem de auto-conhecimento ao longo da narrativa.
O projecto teve início em 2013, durante uma pesquisa histórica, cultural e científica sobre o tema. No total, 150 pessoas de várias zonas do Brasil fizeram testes de DNA e tiveram os seus resultados comparados com os 220 registos de etnias africanas do banco de dados do laboratório norte-americano African Ancestry. Deste grupo, cinco pessoas foram seleccionadas e convidadas a sair das suas terras natais para conhecer as suas origens em África. A produção conduziu-os a países como Angola, Moçambique, Nigéria, Guiné-Bissau e Camarões.
“É incrível o que estamos descobrindo. Embora o porto de Angola fosse uma das principais portas de saída de negros escravizados do continente africano, esses homens vieram de vários lugares. Pretendemos falar sobre essas diferentes rotas”, refere Mônica. Para ela, a prova genética de que foram muitos os povos escravizados ajuda a pôr fim a preconceitos, a partir da existência de um multi-culturalismo no continente africano. “Pessoas com diferentes hábitos, línguas e condições financeiras foram trazidas ao Brasil. Há quem não goste de dizer que a sua ancestralidade vem de homens em condições de escravos. Estamos mostrando que, na verdade, eles foram guerreiros, que atravessaram o Oceano Atlântico, conseguiram sobreviver e ainda criar famílias. Temos de ter orgulho da nossa ancestralidade. Mas, como amar algo que não conhecemos?” conclui.
O documentário surgiu da vontade dos seus idealizadores de resgatar a história e a cultura dos brasileiros, para construir ou reforçar as heranças negras de cada um, criando assim, a sua própria identidade.
O primeiro de cinco episódios vai ao ar no próximo sábado, dia 9 de Julho, às 22h15, no canal 10 da ZAP, com um episódio inédito todos os restantes sábados e repetições às quintas, sábado de manhã e domingo de madrugada.