Artur Nunes, David Zé, Urbano de Castro e Teta Lando recordados no Muzongué da Tradição


Os músicos Artur Nunes, David Zé, Urbano de Castro e Teta Lando serão recordados neste domingo (06) durante o programa Muzongué da Tradição, edição do mês de Julho, a ter lugar no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, em Luanda.

Segundo Estevão Costa citado pela Angop, a intenção é levar o público amante da música angolana dos anos 60, 70 e 80 a recordarem o que de melhor foi produzido nas décadas em referência.

“É um quarteto de artistas que têm uma história no mercado da música angolana e cujas canções marcaram e continuam a marcar o mundo musical angolano”, advogou.

Segundo Estevão Costa, a casa, no âmbito do seu projecto de preservação e valorização da música angolana, procura, cada vez, contribuir para o resgate da memória colectiva do cancioneiro nacional.

Além recordar as quatro figuras, Estevão Costa adiantou que será também homenageado o artista António Paulino, bem como a participação de Augusto Chacaia.

Historial dos músicos

Artur Nunes

Artur Nunes foi um dos expoentes máximos da música urbana de Luanda, tendo se notabilizado na década de 1970, com canções e letras que retratavam o quotidiano do país, músicas revolucionárias a favor da independência de Angola, assim como temas de amor.

Tem no seu repertório temas como “Ku muxito”, “Zinha”, “Mana”, “Tia”, “Mukila uami”, “Kalumba kami”, Dituzu”, Kizua ki ngi fua” e “Njila ia kuaku”.

Artur Nunes faleceu nos finais da década de 1970.

Urbano de Castro

Urbano de Castro foi um compositor que transformava em canção, as mais singelas ocorrências do quotidiano, de forma inusitada e ocasional. Muitas da suas composições surgiram em encontros de amigos, e ficaram na história as tertúlias realizadas nas “casas gémeas”, no bairro Rangel, zona do México, propriedade do cantor e compositor, Óscar Neves.

A sua música ficou marcada pelas influências dos géneros dançantes da América Latina, Congo Democrático e pelo cancioneiro luandense, com os quais teve um contacto muito próximo, perceptíveis pela análise do conjunto da sua obra musical.

Urbano de Castro gravou com os Kiezos, Jovens do Prenda, África Ritmos, África Show, e Águias-reais, tendo deixado em singles as canções: “Assim vai a moda”, “Carnaval chegou”, “Comboio”, “Dilangue”, “Fatimita”, “Ginginda”, “Hima”, “Kialumingo”, “Lamento de filho”, “Margarida”, “Maria da horta”, “Merengue Joaquina”, “Nvula”, “Deus perdoa”, “Rosa Maria”, “Se uala ni ginginda”, “Semba avó”, “Semba careca”, “Semba lekalo”, “Lamento de Visconde”, “Semba Maria”, “Mona”, “Rumba negra”, “Rumba soba”, “Arranjar marido, “Nzambi iami ngui loloké”, “Mamã está chateada”, “Muxima uolo mbanza”, “Mulata, “Merengue Urbanito”, “Adeus perdoa”, “Luanda capital”, “Rumba muxima”, “Ginginda”, “Malta da rebita”, “Merengue Joaquina” e “Mukongo”, canção em homenagem ao seu avô, um caçador muito conhecido.

David Zé

Iniciou a sua carreira artística em 1966. “Kadica Zé” foi o seu primeiro disco. Gravou um total de 14 singles e um LP em 1975, intitulado “Mutudi Ua Ufolo (Viúva da Liberdade).

Contemporâneo de Urbano de Castro, Artur Nunes e Dino Kapakupaku, outros três grandes da música nacional angolana, David Zé era professor e fundidor. Foi director musical do agrupamento FAPLA-POVO e foi incumbido pelo Presidente Agostinho Neto a assistir aos festejos da Independência de Moçambique, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau, onde interpretou a canção “Quem matou Amílcar Cabral”.

David Zé foi um dos músicos míticos da revolução angolana. Com letras dotadas de um conteúdo de carácter muito politizado, defendia nas suas canções as ideias nacionalistas do MPLA.

“Lamento de Paiva”, “Kadikazeca”, “Merengue Santo António”, “Namorada do Conjunto”, “Kalumba Yó” entre outras consta do seu vasto repertório.

Teta Lando

Intérprete e compositor, Teta Lando viveu vários anos em Paris, de 1978 a 1989 onde se tornou num dos grandes defensores e impulsionador da música angolana.

Natural de Mbanza Kongo, capital da província do Zaire, Teta Lando compôs a primeira canção na língua nacional Kimbundo, em 1964, intitulada “Kinguibanza”.

Em 2006, Teta Lando assumiu a presidência da Unac (União Nacional dos Artistas e Compositores). Morreu em 2008, em Paris, França, vítima de doença.

O Musongué da Tradição é um programa que teve o seu início em Fevereiro de 2007 e visa a promoção, divulgação e valorização da música angolana produzida nos anos 60, 70 e 80. O agrupamento Jovens do Prenda e os artistas Zecax, Dom Caetano e Proletário foram os primeiros convidados. O programa acontece mensalmente no primeiro domingo de cada mês.

O evento faz parte da grelha de programas do Centro Recreativo e Cultural Kilamba, antigo Maria das Escrequenhas, que tem ainda “Farrar ao Antigamente” e “Show à Sexta-Feira”.

Reinaugurado em Dezembro de 2001 pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, depois de longos anos voltado ao abandono, o Kilamba tem se dedicado nos últimos anos a promoção e a valorização da música angolana dos anos 1950, 60 e 70.

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