Alicia Keys divulgou na quarta-feira sua nova música “We Gotta Pray” (Nós precisamos rezar), ao mesmo tempo em que os Estados Unidos vive um clima de convulsão racial depois da decisão de um grande júri de não indiciar um policial pela morte do homem negro Eric Garner.
Em entrevista ao “New York Times”, Alicia contou que escreveu a canção depois que os casos de Garner e de Michael Brown, dois negros mortos por agentes brancos, ganharam repercussão e os policiais acabaram por não sendo indiciados pela justiça. Nos últimos dias, protestos eclodiram nas ruas de várias cidades americanas, em atos que condenam a decisão e acusas o sistema de justiça de disparidade racial.
A canção de três minutos fala sobre violência, injustiça e pobreza e, em uma das estrofes, a cantora diz: “Há sirenes em toda a parte, a tocar a canção da rua. A violência está em todo lugar, mal se detendo”. A música foi divulgada junto com um clipe, que mostra fotos de protestos pelos direitos civis no passado e na atualidade. No vídeo, há referências a Martin Luther King Jr. e Mahatma Gandhi, e no final aparece uma imagem de Garner por cerca de dez segundos.
Na entrevista, Alicia contou que escreveu a música nos últimos meses, motivada pelas mortes em Nova York e em Ferguson, no Missouri. Garner foi morto em Julho após ter sido contido à força por vários policiais brancos e imobilizado com uma gravata. Já Michael Brown morreu em Agosto, baleado pelo agente Darren Wilson, mesmo estando desarmado.
A música é acompanhada somente por um piano e mistura declarações de motivação e autoafirmação, como: “Nós somos pessoas extraordinárias, vivendo vidas ordinárias”. Segundo a cantora, a canção foi uma produção caseira, assim como Be Free”, de J. Cole’s, idealizada como uma resposta para a situação em Ferguson.
Rappers locais também gravaram suas próprias respostas aos casos que despertaram indignação nos EUA. Uncle Murda e Maino de Brooklyn lançaram “Hands Up“, uma canção gravada que fala sobre as mortes de Garner e Brown. Da mesma forma, Ty “Blizzy” Black divulgou “Killer Cops” e anunciou que vai participar de um evento beneficente para a família de Garner em Staten Island.
Além desses, outros músicos americanos condenaram a decisão do grande júri, incluindo John Legend e o grupo Run the Jewels. Na sua conta no Twitter, o baterista Roots escreveu: “Estou envergonhado. Principalmente porque eu não estou chocado com as coisas que ocorrem hoje em dia. Nada é chocante.”
Alguns deles participaram dos protestos nas ruas de Nova York, como J. Cole. Apesar de estar grávida de quase nove meses de seu segundo filho, Alicia disse que quer se juntar às manifestações.
“Espero que este seja nosso movimento por direitos civis do século XXI. Você não deve se surpreender se me ver lá fora” — afirmou a cantora.
POR: NEW YORK TIMES