Estudantes angolanos querem ensino grátis, mas apenas 18% dos estudantes receberam bolsas de estudo


Estudo revela que perto de 60% dos alunos do ensino superior vivem com rendimentos abaixo de 80 mil Kz e que a maior parte defende propinas gratuitas, assim como repartição de custos entre universidades, estudantes e Estado.

estudantes angolanos

Segundo o estudo divulgado pelo Jornal Expansão, apenas cerca de 18% dos estudantes angolanos receberam, em 2014, bolsas de estudo do Instituto Nacional de Bolsas de Estudo (INABE), e 9% de outras organizações, revela um inquérito publicado no livro Os Desafios da Expansão da Educação em Países de Língua Portuguesa: Financiamento e Internacionalização.

A pesquisa incidiu sobre uma subamostra de 460 estudantes oriundos de 11 instituições superiores públicas e de uma instituição privada (Universidade de Belas) e revela ainda que a maioria dos estudantes depende dos rendimentos dos familiares para o pagamento de propinas, sendo ainda sujeitos a outros custos não mencionados no estudo.

Segundo o professor universitário Azancot de Menezes, um dos autores da pesquisa, “o rendimento mensal do agregado familiar, assim como a percepção do rendimento do agregado familiar, parece ser suficientemente esclarecedor sobre a fragilidade da situação económica dos estudantes”.

O inquérito mostra que 30,3% dos estudantes têm um rendimento mensal abaixo de 40 mil Kz, havendo 29,4% com um rendimento entre 40 mil e 79 mil Kz. Contas feitas, segundo o estudo, 59,7% dos estudantes inquiridos contam com um rendimento mensal abaixo dos 80 mil Kz, num contexto em que o valor mensal das propinas nas instituições de ensino superior privadas pode atingir 35 mil Kz, e nas instituições de ensino públicas (cursos nocturnos), os 15 mil Kz. O estudo revela que 44,1% dos estudantes inquiridos dizem ser “muito difícil viver com o rendimento disponível”, enquanto 34,9% responderam ser “difícil viver com o rendimento disponível”.

Ou seja, 79% dos inquiridos disseram ser “muito difícil ou difícil” viver com os rendimentos mensais do agregado familiar, e apenas 2,4% afirmaram ser muito fácil viver com o rendimento disponível, revela o estudo.

Ensino deve ser gratuito Na expectativa de se compreender o nível de satisfação dos estudantes, foram colocadas aos estudantes questões sobre o financiamento do ensino superior, tendo-se concluído que 70,2% dos inquiridos “concordam totalmente” que “as propinas no ensino superior público deviam ser gratuitas para todos os estudantes”, e 13,6% “concordam mais do que discordam”. Ou seja, 83,8% dos estudantes consideram que o ensino superior público deve ser gratuito.

O estudo obteve ainda respostas sobre a partilha de custos com os privados na diversificação de fontes para o financiamento do ensino superior, tendo 77,3% dito que “concordam totalmente” ou “concordam mais do que discordam” com o princípio de que as “empresas deviam financiar o ensino superior público, privado e religioso porque beneficiam dos seus diplomados”. Neste capítulo, 51,4% responderam que “concordam totalmente”, e 25,9% disseram que “concordam mais do que discordam”.

Ainda em relação à repartição de custos do ensino superior, 57,5% dos estudantes inquiridos consideram que estes “devem ser repartidos por empresas, estudantes e Estado”, sendo que 33,8% “concordam totalmente”, e 23,7% “concordam mais do que discordam”.


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