A República Democrática do Congo está pronta para receber os ensaios de uma futura vacina contra a covid-19, declarou nesta sexta-feira (3) de Abril, o responsável congolês na luta contra a pandemia, Jean-Jaques Muyembe, dando como exemplo as vacinas experimentais contra o ébola.
“Fomos escolhidos para fazer os ensaios. Seja a vacina produzida nos Estados Unidos, no Canadá ou na China. Nós somos candidatos para fazer os ensaios”, declarou Jean-Jaques Muyembe, cujas palavras foram fortemente criticadas por congoleses que recusam ser cobaias humanas.
Este virologista, que falava em conferência de imprensa ladeado pelo embaixador dos EUA na República Democrática do Congo (RDCongo), Mike Hammer, adiantou que entre os meses de julho e agosto deverão ser feitos os primeiros ensaios clínicos.
“A dada altura a covid-19 será uma situação incontornável. A única maneira de controlar será através de uma vacina, tal como acontece com o ébola. Foi uma vacina que nos ajudou a acabar com essa epidemia”, acrescentou.
Estas declarações de Jean-Jaques Muyembe suscitaram muita discussão e incompreensão entre os internautas.
“Estimados médicos, cientistas e impérios farmacêuticos, quando tiverem acabado de testar as vossas vacinas #covid19 nos animais, antes de pensarem em testá-las em africanos, um povo pelo qual nunca mostraram consideração, testem-nas em vocês mesmos”, escreveu na rede social ‘Twitter’ o músico sueco-congolês Mohombi.
Uma sequência de imagens divulgadas na televisão francesa, que mostram dois investigadores a questionarem-se sobre a possibilidade de testar a vacina em África, gerou muita controvérsia.
“Se posso ser provocador, não deveríamos fazer este estudo em África? Não há máscaras, não há tratamentos e não há reanimação? Um pouco como fazíamos com certos estudos sobre a Sida, onde fazíamos ensaios nas prostitutas, porque elas são fortemente expostas”, declarou um dos médicos, Jean-Paul Mira, diretor do serviço de medicina intensiva e reanimação do hospital parisiense Cochin.
A associação francesa SOS Racismo indignou-se por meio de comunicado e deixou claro: “Não, os africanos não são cobaias”.
Jean-Paul Mira apresentou as suas “desculpas mais sinceras” a todos os que “se sentiram atingidos, chocados e insultados” pelas palavras que pronunciou.
Lusa
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