A galeria angolana ‘Jahmek Contemporary Art’, foi galardoada recentemente com o ‘Prémio Opening’ que classifica o melhor stand desta secção em “ex aequo” com a galeria Turca, The Pill, na 40ª edição da Feira Internacional de Arte Contemporânea, que decorre no pavilhão do IFEMA Madrid, na Espanha. A Jahmek Contemporary Art está a participar de 7 a 11 do mês de Julho, com a instalação “Hope As A Praxis” de Sandra Poulson e “How to Make A Mud Cake” de Helena Uambembe.
Em nota da Galeria que o AngoRussia teve acesso, a ‘Jahmek Contemporary Art’ explica que a instalação de Sandra Poulson “Hope As A Praxis” de Sandra Poulson investiga a utilização e simbologia das cadeiras de plástico conhecidas como ‘espera condição’ e reflete sobre as respostas ao objecto partido que é justaposto com outra cadeira partida. O projecto centra-se na ‘prática da esperança contínua’ como um recurso essencial para a sobrevivência, num contexto sociocultural e histórico em que planear a longo prazo ainda é um desafio central.
A instalação compreende 17 iterações de cadeiras em processo de quebra. As cadeiras são feitas de tecido de cetim verde e foram modeladas, costuradas e endurecidas com base na cadeira de plástico.
“Hope As A praxis’ reconhece igualmente o sentimento central que liga o presente e o futuro – a esperança – e como esta esperança é praticada ao olhar do indivíduo por uma realidade melhor. Ao entendimento de Poulson, enquanto angolanos, o futuro sempre foi sobre criar onde existe, onde não há o suficiente. Talvez seja uma reação ao sentimento coletivo de que a infraestrutura não é forte o suficiente, ou talvez não exista, assim como as cadeiras de plástico são efêmeras em sua forma original, também o são permanentemente em sua forma quebrada. Talvez parte da compreensão de rumos futuros seja aprender juntos a justapor cadeiras quebradas e fazer outra muito mais forte.
Por sua vez, o “Como fazer um bolo de lama” da artista Helena Uambembe, mostra como a migração forçada do 32º Batalhão de Angola para a África do Sul tem um impacto físico e espiritual na luta pela terra; nisso, a sensação de sepultamento em um lugar que não é o lar. A analogia é realizada com a era pós-colonial, as repercussões de uma Angola independente e a ideia de liberdade. “O que vem com isso? O que as crianças acarretam com elas? – vestígios de colonialismo, vestígios de assimilação, vestígios de violência”. Assim, os avisos impressos na sarapilheira vêm como uma metáfora para os avisos de alérgenos que vêm nas caixas de alimentos e são consequências reais de anos de colonialismo, invasão, perturbação da vida de outrem e estão encobertos em jogos infantis.
A ‘Jahmek Contemporary Art’ apresenta-se como uma Plataforma/Galeria que, através do seu programa de exposições, propõe-se promover o diálogo e o pensamento crítico em torno da expressão artística visual de Luanda, através do trabalho produzido pelos artistas que representa, tanto no panorama nacional como além-fronteiras. Sediada na capital angolana, representa: Bienelde Hyrcan; Délio Jasse; Helena Uambembe, Irad, Iris Buchholz Chocolate; Kiluanji Kia Henda; Mónica de Miranda; Rui Magalhães; Sandra Poulson; Tiago Borges; Verkron, e Yonamine.
Sandra que vive e trabalha entre Londres e Luanda, é criadora da marca de roupa intimas “Gatuna” e o seu trabalho discute a paisagem política, cultural e socioeconómica de Angola como um estudo de caso que analisa a relação entre história, tradição oral e estruturas políticas globais.
As suas obras revisitam recorrentemente ao corpo como espaço liminar de discussão, operando de forma interdisciplinar através de meios como a escrita, a fotografia, a hipernotação e a documentação, os meios mistos, a colagem, o desenho, a gravura, a performance e o vídeo. Tendo a moda como uma forma de investigação que reconhece os artefatos em estreita proximidade com o corpo, sua prática investiga fortemente a confecção e o extravio de roupas.
Importa destacar que Sandra Poulson, foi a única artista angolana a representar o país no “Prémio Mullen Lowe Nova Awards 2020”, com o conjunto de obras “Um Arquivo Angolano”. A mesma, exibiu a sua primeira colecção no Moda Luanda pela marca Uver, em colaboração com Débora Silva, no mesmo ano participou no Angola Fashion Week e em 2013 voltou ao Moda Luanda.
Helena Uambembe, vive e trabalha entre Joanesburgo e Pretória. Helena Uambembe nasceu em Pomfret, África do Sul, em 1994, filha de pais angolanos que fugiram da guerra civil. Seu pai era um soldado do 32º Batalhão, uma unidade militar das Forças de Defesa da África do Sul composta principalmente por homens negros angolanos. O 32º Batalhão, Pomfret e sua herança angolana são temas dominantes na obra de Uambembe, em que ela explora narrativas em torno da história e do lugar, entrelaçando símbolos conectados e material de arquivo. Uambembe foi uma das três vencedoras do Prêmio David Koloane de 2019 da Bag Factory. Além da prática própria, Uambembe faz parte do coletivo Kutala Chopeto, ao lado da sócia Teresa Kutala Firmino.
Nesta edição a feira conta com a participação de 130 galerias de 26 países, entre quais duas angolanas, nove portuguesas, três brasileiras, tendo na secção “Opening” a galeria angolana “Jahmek” com a artista Sandra Poulson a ganhar destaque.
0 Comentário