Foram cinco anos de inscrições até garantir a vaga no “Big Brother Brasil”. Para Arthur valeu a pena e actualmente, o instrutor de crossfit classifica a experiência de participar do reality como um sonho realizado.
Sua passagem pela 21ª edição do programa foi marcante, foram duas lideranças, um anjo e seis paredões enfrentados. Além dos bons resultados nas disputas, Arthur viveu o relacionamento mais duradouro da edição com Carla Diaz, uma amizade ao melhor estilo com Projota, e desentendimentos acabaram por fortalecer a relação com o Fiuk e a Juliette e protagonizou momentos muito divertidos com seus companheiros do Top 6 do BBB.
“Eu não me perdoaria se eu chegasse aos 80, 90 anos e não tivesse participado do BBB. No jogo, se eu fosse um vilão, acho que teria saído antes, quando o público teve a possibilidade de me eliminar. Eu acredito que posso ter sido um jogador que não teve as melhores decisões” frisou.
Durante uma conversa, o ex-brother falou sobre as expectativas para a vida depois do reality.
Como você avalia a sua participação no BBB 21?
Eu acredito que a minha passagem pelo BBB foi algo que as pessoas vão lembrar quando falarem da temporada. Eu competi, me joguei, errei, acertei, pedi desculpas, perdoei. Eu acho que não foi uma participação apagada. Foi fundamental perceber que a minha trajectória foi boa, apesar de tudo. Foi a quarta ou quinta vez que fiz a inscrição, e acho que essa edição era mais a minha cara. Eu estou muito feliz por ter realizado um grande sonho. Não me perdoaria se eu chegasse aos 80, 90 anos e não tivesse participado do BBB.
Você se deu muito bem em várias provas do programa, ganhou o anjo, duas lideranças, chegou longe em provas de resistência. O que acha que te ajudou nesse resultado: a sua relação com o desporto, um pouco de sorte ou as duas coisas?
Eu confesso que ia para as provas com o mesmo sentimento das competições de crossfit. E os benefícios são maravilhosos ganhei uma viagem para a Capadócia! Fiquei muito feliz. Eu acredito que a minha dedicação ao desporto fez com que as coisas acontecessem mais naturalmente. A questão do foco, de estar entregue ao que se está a fazer. Um grande exemplo foi a prova dos lanches que eu e o Projota ganhamos, bem no início. Estava todo mundo a brincar e nós não trocamos nenhuma palavra durante a dinâmica. No geral, eu estou satisfeito e feliz com o meu rendimento.
Você e o Projota tiveram uma grande identificação, desde o primeiro dia na casa. O quão importante essa amizade foi para você? O que vocês tinham em comum?
Confesso que eu não imaginava. Nós brincávamos e falávamos que era a dupla mais improvável, só que no final das contas eu vejo que foi a dupla certa. Podem ter ocorrido inúmeros problemas e conflitos dentro da casa, mas tudo acontece com um propósito. Talvez, se eu não tivesse me aproximado do Projota, eu não teria chegado ao Top 6. Talvez eu fosse campeão… Não sei, não dá para saber. Sou muito honrado pela nossa amizade. Ele fez uma postagem linda para mim quando eu saí; ele já sabia do meu medo de voltar ao mundo real. Então, é só gratidão mesmo pela conexão e sintonia que nós tivemos. Eu acho que, na verdade, a gente só tinha duas coisas em comum: ele também gostava de futebol e videogame. E também é muito apaixonado pela família. Mas nós éramos pessoas totalmente diferentes, por isso a dupla improvável. A gente também tinha muita vontade de estar no programa, algo que também pode ter contribuído para formarmos uma dupla logo no início do jogo.
Você acha que jogou em dupla com ele ou seu jogo era individual?
No início, eu estava bem perdido no jogo e tinha ele como uma âncora para mim. Eu perguntava a opinião dele, falava o que estava a pensar e o escutava. Mas acho que, no geral, tivemos decisões que foram mais coincidentes do que combinações. Teve uma vez que votamos na Thaís e só ficamos a saber depois que terminou a votação. Quando eu votei no Fiuk, ele não votou. Então, tivemos, sim, situações em que nós jogamos juntos, ele me deu a visão dele e eu acabei ceder porque achei que era a melhor visão. Houve situações em que discordamos e chegamos a discutir no gramado. Nós jogamos juntos, mas também pensávamos diferente na maioria das vezes.
Quais foram os melhores momentos e os mais difíceis que você viveu no jogo?
Os melhores momentos, sem dúvidas, foram as festas. Acho que todo mundo conseguiu perceber que eu gosto de uma festa. Estava com muita saudade porque aqui fora não dá para fazer isso ainda. Me senti muito privilegiado por ter toda aquela estrutura, artistas… foi muito lindo! As conquistas das provas também foram muito boas. As minhas voltas dos paredões eu fui para seis e também teve uma em que escapei no “Bate e Volta”. Até mesmo a parte mais sentimental, quando me permiti viver coisas que há muito tempo eu não vivia. Por mais que tenham acontecido algumas questões por conta da minha imaturidade ou falta de experiência, eu também coloco a minha relação com a Carla como um dos meus melhores momentos dentro da casa. E de pior foram as três semanas seguidas que eu fui ao paredão. Eu fiquei muito triste e vieram à tona sentimentos de coisas que eu já vivi aqui fora, uma mania de perseguição, de achar que eu estava ser rejeitado pela casa por estar a receber voto em várias semanas. As perdas dos meus amigos e da Carla, que foi para o paredão falso e duas semanas depois foi eliminada no paredão real, também foram difíceis.
Como a saída dos seus amigos mais próximos impactou na sua jornada no BBB? Isso te desestabilizou de alguma maneira?
Não tem como você ver os seus amigos a sair e você não pensar que é o próximo eu tinha muita certeza disso. Mas, vieram os paredões e eu fui ficar. Pensei: “Fogo”, o que está acontecer? Alguém gosta de mim. Foi duro para mim ver os meus amigos a ir embora. O “loft” parece que durou um ano e foi um dia só. Nós falávamos dele inúmeras vezes. A perda faz você reflectir e ver que não está tão bem no jogo quanto você queria estar.
Você foi indicado pela casa para seis paredões, saiu de um na Bate e volta. Você se considerava um vilão desta temporada?
Eu acredito que posso ter sido um jogador que não teve as melhores decisões. Eu poderia ser um vilão mimoso, porque fazia alguma coisa e depois chorava sozinho, me arrependia. Fiz isso muitas vezes. Eu sou assim, coração mole. Em casa, eu choro sozinho e ninguém vê. Ali eu estava a chorar em casa também, mas as câmeras estavam a olhar para mim. Eu tive que me permitir e aceitar isso também. Mas não me vejo como vilão porque o sentimento nunca foi de fazer mal para ninguém, longe disso. Eu queria ser bom, fazer coisas boas, mas muitas vezes eu não conseguia por causa do sentimento de achar que as pessoas poderiam estar a me seguir. Enfim, um vilão bonzinho, talvez…
No início do programa você comentou sobre um possível interesse na Thaís, mas depois decidiu se declarar para a Carla Diaz. Um relacionamento no BBB fazia parte dos seus planos?
É um jogo de relações pessoais mesmo, você tem que conversar, se aproximar das pessoas. Mas eu juro que eu não fui com intenção de ter um relacionamento com alguém. No início, eu me aproximei muito da Thaís, tivemos uma conexão boa. Frequentávamos os mesmos lugares aqui no Rio de Janeiro e tínhamos coisas em comum para conversar, só que eu nunca conversei com ela sobre algo do tipo. Eu posso ter externado algum sentimento para uma pessoa próxima a mim, assim como no final nós riamos disso. Foi uma situação bem leve para mim. Depois eu tive uma conexão com a Carla, que começou com um inhame. Ela disse: “óh, você descasca diferente…” E aí começou todo o nosso romance. Não estava nos meus planos, mas não me arrependo também de ter encontrado, conhecido a Carla e ter me relacionado com ela. Nem um pouco.
Pretende levar a relação adiante, fora da casa?
Uma das primeiras coisas que eu quero resolver aqui fora é essa. Mesmo que seja para sentar e ter uma conversa para escutar o que eu não quero. Eu quero, sim, ver o que ela tem para falar e também quero pedir desculpas por qualquer coisa. E a partir daí nós vermos se compensa. Eu fiquei muito feliz porque soube que tem muita gente que gostou de nós juntos. Isso me confortou de certa forma e me deixou mais tranquilo. Tem pessoa que ainda shippa o casal, e já faz mais de um mês que nós não nos vemos. As pessoas ainda estão na esperança. Eu não vou gerar expectativa, mas é algo que eu quero conversar e, se for da vontade de ambos, vamos tentar. Vai ser muito bom não ter que votar em ninguém e ter a relação ao mesmo tempo.
Que amizades você pretende manter fora do BBB?
O Projota foi a pessoa que esteve mais próximo a mim. As vezes em que ele teve que apontar para mim, ele fez, não passou a mão na minha cabeça. A Carla, a Pocah também. Eu fiquei a saber hoje que a torcida dela veio para cima de mim, não entendi nada, já que eu estava a proteger ela lá dentro, tentar fazer o certo. Eu acho o Caio uma pessoa com o coração gigante, super engraçado, alto astral, família. Me espelho muito na relação dele com a esposa e é uma pessoa que eu tenho vontade de manter a amizade. Tem o Gil, que eu passei a amar. Nós começamos a nos votar, na “cachorrada”, como ele fala. E no final das contas, um respeito absurdo, um carinho, brincadeiras que todo mundo disse que foi divertido ver. Esses cinco são os principais, mas, como eu falei, quero carregar todo mundo do lado esquerdo do peito e espero ter uma relação muito boa aqui fora.
O que o BBB representou na sua vida?
Quando eu me mudei para o Rio de Janeiro, eu vim contratado por uma empresa. Eu estava há quatro anos a tentar entrar nessa empresa e, de repente, um dia, eles me chamaram para fazer um teste, no qual eu fui aprovado. No dia em que eu sentei para assinar o meu contracto, eu falei para a minha patroa que só duas coisas me tirariam do meu trabalho sem pensar duas vezes: o BBB e o Flamengo, que é meu grupo do coração, onde eu tenho o sonho de trabalhar com preparação física, que é a minha área. Quando o BBB surgiu na minha vida, eu estava a dar aula. Apareceu notificação no relógio e eu deixei a aula no meio do caminho para ver o que estava acontecer. Hoje eu coloco o BBB ao lado do nascimento do meu sobrinho como o momento de maior emoção e realização para mim. Como eu falei, eu não me perdoaria se, com 80 ou 90 anos, eu não tivesse entrado no programa, não tivesse feito o que eu fiz, jogado, me arriscado. Se não tivesse deixado a minha vida aqui fora a saber dos riscos. Eu coloco o BBB no lugar mais alto da prateleira lá de casa. Eu tenho um carinho enorme e uma admiração pelo programa. Sou privilegiado. Não são nem 500 pessoas no país que já passaram por essa experiência. O BBB está no Top 1 da minha vida.
O que você acha que faltou para chegar mais longe na disputa por R$ 1,5 milhão?
Eu acredito que esse é um jogo de relações interpessoais, nós temos que nos relacionar. No início, eu estava muito fechado pela comodidade de ter o Projota, alguém ali sempre que eu quisesse conversar, e de repente não precisar falar com outras pessoas. Se eu tivesse sido o Arthur dessa recta final, que o público falou que estava bom de ver, divertido, eu teria mais chance. Só que eu poderia também ter-me perdido no caminho e não ter chegado nem ao Top 6. Eu estou muito feliz com o que eu fiz. Faria um pequeno ajuste para as coisas saírem de uma forma melhor. Mas acho que aconteceu como tinha que acontecer. É como o Tiago falou no meu discurso ontem: se deixassem a edição do programa na minha mão para tirar as partes que eu não queria ver, seria um fracasso a minha participação.
Quem chega à final do BBB 21? E para quem fica sua torcida?
Eu já tinha comentado com a Pocah que eu achava que as personalidades do Gil e da Juliette eram muito fortes. Inclusive, quando eu fui líder e coloquei ela no paredão, eu disse que poderia estar indicado a pessoa mais forte aqui fora. E falei dela terça-feira, que mesmo nas discussões, estava sempre a segurar a minha mão, me acalmar. Eu vejo a Ju e o Gil como finalistas e acho que, pelas circunstâncias do jogo, o Fiuk chega no Top 3. Acho que o pessoal vai para cima da Pocah nesse paredão. A Ju e o Gil são duas pessoas muito especiais para mim, mas a torcida vai para o Gil, de quem eu me aproximei mais no final.
Quais são seus planos daqui para frente?
Fiquei a saber hoje que a minha academia em Conduru está a terminar de ser construída – era um sonho que eu tinha. Lá era o meu projecto social e quando eu “falhei” na pandemia, precisei deixar parado. E agora o meu pai está reconstruir ao lado da nossa casa. Pretendo continuar na minha área, que é o que eu gosto de fazer. E voltar a ajudar o meu pessoal de Conduru porque agora eu sou o Arthur Picoli de Conduru. Estou muito feliz com isso. Conduru é o meu refúgio: quando tudo desanda é para lá que eu vou. Pego minhas cachorrinhas, vou correr, tomar banho do rio com elas. É onde estão minha família e meus amigos mais próximos. Eu também quero voltar a trabalhar como modelo, ver se eu ainda tenho jeito para a coisa aqui fora.
Por: Ester Mendes