O realizador angolano Mariano Bartolomeu, depois de lançar um DVD com as melhores curtas-metragens da carreira, está em Hollywood a preparar um filme baseado na figura histórica angolana do fim do século XVI e princípios do XVII, António Manuel Nvunda, o Marquês de Funta, que o rei Álvaro II do Congo enviou para ser embaixador em Roma, junto ao Papa.
Mariano Bartolomeu conheceu a história na Itália e achou a figura “interessante” e logo pensou que poderia ser “uma óptima ideia para um filme”. Com o apoio do produtor angolano Rui Costa Reis, dono do estúdio RCR Media Group, o projecto já conta com a participação do premiado actor norte-americano Jamie Foxx que interpretou Ray Charles, no filme ‘Ray’.
Mariano Bartolomeu lançou o DVD na edição da Mostra de Cinema ‘Olhares sobre Angola’, que decorreu na Cinemateca de Lisboa. Nascido em Malanje, em 1967, faz Mariano Bartolomeu lançou um DVD com as suas curtas-metragens e abraçou um projecto ambicioso: uma produção nos EUA, que se baseia numa personagem histórica angolana.
Nascido em Malanje, em 1967, faz parte de um selecto grupo de realizadores e actores angolanos que teve a oportunidade de começar a trabalhar em cinema muito cedo. Tinha apenas 15 anos quando conseguiu um emprego na Cinemateca Nacional de Luanda organizando arquivos.
“Esta foi uma oportunidade grande de aprendizado, um contacto directo e dinâmico com o cinema”, recorda. Depois foi estudar para Cuba, naquela que foi uma das experiências mais importantes da sua vida. “Aprendi muito. Respirava cinema 24 horas por dia”.
O DVD, intitulado ‘Mariano Bartolomeu Curtas- -Metragens 1989-2008’, é uma colectânea com as obras mais relevantes do realizador e que reflecte não só o talento, como também a sua evolução. São filmes que participaram do circuito internacional de cinema como nos festivais de Rimini, na Itália, Locarno, na Suíça, e Amiens, em França. Para Mariano Bartolomeu, o convite de Jorge António, um dos organizadores do evento, foi uma oportunidade de revisitar as obras e de colocar à disposição do público filmes que, na sua maioria, são desconhecidos fora dos circuitos internacionais, até mesmo dos próprios angolanos.
Este DVD, na visão do realizador, fecha um ciclo. “Sintetiza o meu trabalho com curtas-metragens, em que tive a possibilidade de fazer experiências, quase como num laboratório. Agora, posso avançar para a realização de longas-metragens”.
Depois de viver na Itália, actualmente reside em Washington, nos EUA. É lá em que está a dedicar-se a um dos dois principais projectos, ao qual chama “projecto ambicioso”. Mas apesar do projecto hollywoodiano, a ligação com Angola está sempre presente na sua vida. Paralelamente à longa-metragem,
trabalha num projecto antigo, um ‘roadmovie’ que acontece em vários lugares de Angola. É a história de um jovem urbano que, em crise de identidade, descobre o mundo rural, tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante de gerações de angolanos que nasceram em cidades de Angola durante ou depois da independência.
Escrever sobre Angola é o que parece “mais natural e orgânico” para o realizador. “Angola é a realidade que conheço, sinto uma ligação muito forte com o meu país e há muitas histórias lá que quero contar. Quero ser um dos contadores dessas histórias. Esta é uma forma de dar a conhecer a cultura angolana ao mundo”.
Por:Nova Gazeta
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