Escritora Rosa Soares afirma: -“Não acredito quando dizem que os jovens angolanos não gostam de ler”


A jovem escritora angolana, Rosa Soares, que recentemente lançou o livro “Flores Não São Para Mortos”, abordou sobre vários aspectos ligados a literatura em conversa mantida com o AngoRussia, dentre eles como ganhar o gosto pela leitura, benefícios da mesma, itens que prendem os leitores, e importância de se estimular a leitura desde a infância.

Rosa, começou por dizer que o ‘gosto pela leitura’ é o resultado de um processo onde o leitor é o principal actor e que para facilitar este mesmo processo o melhor é começar por livros com menos páginas, ilustrados e sobre temas que interessam o leitor. A escritora destacou ainda que o local que se escolhe para fazer a leitura também é muito importante. “O local escolhido para fazer a leitura é muito importante, recomenda-se que se evite a cama e outros lugares que causem aborrecimento com facilidade”.

A escritora disse também que é muito importante gostar de ler pois a leitura funciona como uma viagem estática e leva a conhecer vários mundos dentro da própria mente, tendo ressaltado também o facto de que os livros servem de companhia, consolo, terapia, e ajudam as pessoas a compreenderem aquilo que a correria do quotidiano não permite. A leitura conecta as pessoas, segundo Rosa Soares.

“Acredito que o acto de ler conecta as pessoas (leitores e escritores), dando a possibilidade de nos sentirmos compreendidos sem precisarmos abrir a boca para falar ou de ouvirmos uma voz, pois não existe melhor coisa do que lermo-nos nas palavras de alguém”.

Para a jovem escritora os livros não muda necessariamente a maneira de pensar do leitor, a não ser que o mesmo esteja preparado para receber aquelas palavras. “A leitura e interpretação de um livro depende muito daquilo que são as vivências e aspirações de quem o lê, há enredos incríveis, com temas pertinentes, mas se o leitor não estiver na mesma frequência que o escritor, aquilo não passará de mais um livro bom (com frases bonitas)”.

No que diz respeito ao estimulo pela leitura desde a tenra idade Rosa disse de forma clara e segura: “Não acredito quando dizem que os jovens angolanos não gostam de ler. É impossível um ser definir que não gosta de uma coisa que nunca foi estimulado a fazer. Os jovens nem sequer sabem se gostam ou não de ler porque não tentaram, não exploraram, não lhes foi dado auxílio para tal. O dever dos encarregados de educação, professores e escritores é de promover a leitura como algo prazeroso, fazendo com que a criança desenvolva uma relação de afecto com o livro e não de obrigação como se a leitura fosse uma actividade penosa que lhe foi imposta”.

A título de conclusão, a escritora de 21 anos disse que os leitores prendem-se mais a histórias verídicas porque procuram muitas das vezes consolo, compreensão e companhia, e procuram sentir que não estão sozinhos e que há alguém no mundo a viver a mesma dor, a passar pelas mesmas alegrias ou até mesmo pelos mesmos problemas.


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