Sindicato dos Médicos emite nota de repúdio após detenção do médico Ntima Mandawele


A Coordenação Provincial do Sindicato dos Médicos de Angola (SINMEA), no Cuando Cubango, manifestou nesta quinta-feira, 17 de Fevereiro, o seu veemente repúdio em razão da detenção do médico Ntima Mandawele, ocorrido no domingo 13 de Fevereiro às 21h, pelo facto de ter examinado uma paciente maior de idade acompanhada pelo marido, no Banco de Urgência do Hospital Municipal de Menongue, que ocorreu com queixas de dor de baixo ventre intensa e amenorreia há mais de dois meses.

Segundo a nota que o AngoRússia teve acesso, o SINMEA esclarece que pela insuficiência de recursos humanos, Ntima Mandawele era o único médico no banco de urgência que respondia por todos os serviços existentes no hospital desde as áreas de pediatria, medicina interna, ginecologia e obstetrícia, cirurgia e ortopedia.

“Encontrava-se a atender outros doentes com critérios de urgência quando apercebe-se de um clima de tensão na sala de espera provocado pelo marido da paciente que exigia atendimento imediato. Sensibilizado com a situação, prioriza a paciente e convida o marido a entrar no consultório, pelo que este nega a assistir a consulta da esposa sem motivos palpáveis”, lê-se na nota.

O Sindicato dos Médicos, explica que após o interrogatório o médico explicou a paciente a necessidade de se realizar uma ecografia ginecológico e teste rápido de gravidez que se encontrava indisponível, e um exame físico ginecológico que engloba o toque vaginal.

“Acontece que dez minutos depois de sair do consultório, a equipa em serviço foi surpreendida pelos agentes dos Serviços de Investigação Criminal (SIC), que detiveram o médico alegando uma denúncia de tentativa de abuso sexual feita pela paciente, acto que surpreendeu a todos, incluindo outros pacientes porque quando a mesma saiu do consultório não manifestou insatisfação”.

Segundo a nota, a supervisão do hospital solicitou que o médico se apresentasse ao SIC no dia seguinte, sendo que Ntima era o único médico em serviço naquela instituição, porém, o facto foi negado pelos agentes alegando detenção por ordens superiores.

“O SINMEA condena a forma desonrosa em que ocorreu a detenção do médico em causa, sem avaliar a veracidade dos factos e visto que o ambiente em que supostamente desenvolveu-se a acção não oferece condições para tal, e colocando em causa a vida dos demais pacientes ao deixar o hospital sem cobertura médica. Condenamos também as detenções arbitrárias emanadas por ditas ‘ordens superiores’ e sem respaldo jurídico-legal, pelo que apelamos o apuramento correcto dos factos e a condução do processo sem interferências extremas e que a justiça seja feita”, apelou a Coordenação Provincial do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola.


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