Zezé Gamboa é um dos realizadores mais destacados do mercado cinematográfico em África. Residente em Portugal, o realizador regressou a Angola para estrear o seu novo filme intitulado “O Grande Kilapi” com um verdadeiro elenco de luxo constituído por actores lusófonos e não só.
Depois de ter passado por vários festivais de cinema no mundo, Zezé Gamboa percebeu que chegou a vez da sua terra natal receber o seu último trabalho, o filme teve uma pequena ante-estreia na sexta-feira e será lançado a público oficialmente este sábado.
Numa entrevista à TPA, Zezé Gamboa falou um pouco sobre o filme, que conta a história de uma personagem que conheceu em Angola “Joãozinho das garotas” interpretado pelo brasileiro Lázaro Ramos no papel principal.
“Joãozinho era um jovem do bairro que aparecia sempre com grandes carros e mulheres de todos os tipos. Era estranho porque não estávamos habituados a ver homens negros nestas condições. Eu na altura não tinha consciência política, mas por ser uma época colonial percebia que ele estava fora do padrão. Alguns mestiços tinham um padrão de vida semelhante ao dele, mas nunca ao seu nível”, explicou o realizador.
Gamboa revelou que este filme é baseado numa história verídica, que presenciou nos anos sessenta quando tinha apenas dez anos de idade, onde conheceu a personagem. 20 anos depois voltou a encontra-lo em Lisboa. “Reencontramo-nos e conversamos bastante e aí decidi transformar a história da sua vida numa ficção, por ser muito interessante”, contou o realizador.
Passado em Angola, apresenta-nos a vida de João Fraga, um funcionário das finanças públicas e ao mesmo tempo um malandro “bom-vivant” luandense, que leva uma vida de playboy à custa de desvios dos cofres do Estado colonial.
O filme conta com presença de actores como Lázaro Ramos, Paulo Hossi, Carlos Paca, José Pedro Gomes, Adriana Rabelo Doce, Maria Seiças, António Pitanga, Patrícia Abreu e vários outros nomes não menos importantes que já se encontram no país para presenciar a sua estreia.
Zezé Gamboa deixou também a sua opinião sobre o estado actual do cinema angolano. “Precisamos trabalhar muito porque a produção cinematográfica no país ainda é muito frágil e precisa de apoio para dinamizar os jovens realizadores, de modo a terem uma formação técnica de grande escala e trabalharem mais profissionalmente. O cinema, para além de ser uma arte nobre e difícil porque trabalhamos muitas horas, exige muita gente envolvida, é preciso haver mais respeito. Não podemos convencer alguém, apenas, a pegar numa câmara gravar umas imagens e está o filme feito. Mas com vontade e política podemos ir mais longe.”
É de realçar que o realizado por Zezé Gamboa já venceu o “Sundance”, um dos maiores festivais de cinema independente do mundo, com o filme “Heroi”. Veja os trilleres: