Com baixa taxa de natalidade, China arrisca crise demográfica


O número de crianças nascidas na China, em 2018, vai ser o mais baixo desde 2000, estimam demógrafos, ilustrando os riscos de uma crise demográfica no país, apesar da abolição da política de filho único.

Em 2017, a taxa total de fertilidade da China foi de 1,6 filhos por mulher, bem abaixo da taxa estimada em 2,1 para manter a população estável. Mas, reverter a política de apenas um filho, adotada até 2015, quando as mulheres urbanas eram sujeitas a abortos forçados, multas pesadas e despejo se tentassem ter um segundo bebê, não tem sido suficiente para aumentar a taxa de natalidade.

Segundo artigo publicado no jornal chinês Diário do Povo, a classe média alega que ter filho custa caro. “Especialmente nas cidades, o custo de ter filhos, desde o nascimento à escola, está a aumentar cada vez mais. Sem contar que muitos jovens que vivem nas cidades não estão dispostos a ter filhos”, informou Zhang Yiqi, autor do artigo.

Intitulado de “Dar à luz é um assunto de família e uma questão nacional também”, o artigo tinha como objetivo encorajar os casais a terem mais filhos, e também pedir uma política de incentivo econômico que permitam que os jovens criem suas famílias.

Segundo Zhang Yiqi, a baixa taxa de natalidade está afetando a econômia chinesa e uma ação do governo para fornecer assistência médica e educacional seria necessária para incentivar mais pessoas a terem filhos. “O governo deve tomar medidas mais específicas para satisfazer o anseio das pessoas na busca de uma vida melhor”, explica Zhang.

Em 2016, o primeiro ano desde a abolição da política de filho único, o número de nascimentos aumentou, de 16,55 milhões, no ano anterior, para 17,86 milhões.

Desde então, a taxa de natalidade caiu sucessivamente, apesar de Pequim ter deixado de promover abortos forçados e multas, e aberto novas creches, passando a oferecer incentivos à natalidade.

Em 2017, o número total de nascimentos fixou-se em 17,23 milhões, menos 630.000 do que no ano anterior.

Segundo especialistas, a queda deve-se sobretudo à redução no número de mulheres em idade fértil, um grupo que perde entre cinco e seis milhões de pessoas por ano, e aos altos custos e falta de tempo para criar uma criança.

Nos primeiros onze meses do ano, na cidade de Liaocheng, província de Shandong, houve apenas 64.753 nascimentos, uma queda de 26%, face ao mesmo período de 2017, segundo o jornal local Dazhong Daily.


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