A injeção de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) na banca comercial aumentou mais de 70% na última semana de setembro, para 237,1 milhões de euros, segundo dados hoje divulgados por aquela instituição.
A informação consta do relatório semanal do BNA sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, no período entre 26 a 30 de setembro, contrastando com os 138,1 milhões de euros da semana anterior. Ainda assim longe dos (máximos do ano) 387,2 milhões de euros e 314,6 milhões de euros das semanas imediatamente anteriores.
Segundo o documento, consultado hoje pela agência Lusa, as divisas disponibilizadas – mantêm-se exclusivamente em euros desde março -, em vendas diretas equivalentes a 265 milhões de dólares, destinaram-se a cobrir operações de empresas diversas (4,7 milhões de euros), do setor da agricultura (49,2 milhões de euros), do setor da indústria (43,4 milhões de euros) e movimentos diversos da economia (77,1 milhões de euros), além de 62,7 milhões de euros vendidos em leilões de preço.
A taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, permaneceu praticamente inalterada, nos 166,718 kwanzas por cada dólar e nos 186,272 kwanzas por cada euro.
Contudo, no mercado de rua, a única alternativa, embora ilegal, face à falta de divisas aos balcões dos bancos, a nota em quebra e já está a ser transacionada à volta dos 450 kwanzas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica com a forte quebra (50%) das receitas com a exportação de petróleo devido à redução da cotação internacional do barril de crude, tendo em curso várias medidas de austeridade e a revisão do Orçamento Geral do Estado de 2016.
A conjuntura nacional levou a uma forte quebra na entrada de divisas no país e a limitações no acesso a moeda estrangeira aos balcões dos bancos, dificultando as importações.
A falta de divisas dificulta ainda a transferência de salários dos trabalhadores expatriados, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
O BNA informou a 22 de julho que está a trabalhar com os bancos comerciais numa “melhor programação na venda de divisas” para “repor de forma gradual, programada, organizada e prudente” as necessidades de todos os setores da economia.