Leopoldo Pacheco fala sobre ‘Ligações Perigosas’: “Tive que sair da minha zona de conforto”


O consagrado actor brasileiro Leopoldo Pacheco concedeu uma entrevista ao AngoRussia onde falou sobre o seu personagem na misteriosa série da Globo “Ligações Perigosas” da autora Manuela Dias que escolheu trazer a história para o Brasil de 1928. Segundo o actor, para fazer ‘Ligações Perigosas’ teve que sair da sua zona de conforto.

Leopoldo Pacheco - Crédito Globo (7) - Cópia

AngoRussia: O que é que ‘Ligações Perigosas’ , enquanto história clássica, traz para o público do século XXI?

Leopoldo Pacheco: Eu acho muito interessante. Eu já tinha visto o filme há muitos anos quando morava em Paris e fiquei absolutamente estonteado porque os actores eram deslumbrantes e tudo era incrível. Quando a Manuela Dias retoma a partir do livro com outro ponto de vista, agora no Brasil dos anos 20, eu acho que foi um grande acerto porque nos aproximou dessa história maravilhosa.

Vale a pena assistir a essa atualização pelo charme e pelo olhar especial, sobretudo para nós brasileiros. Assistam porque está muito lindo.

AR: Para um actor é instigante revisitar esses grandes personagens clássicos?

L.P: Sem dúvida nenhuma esses personagens são referências da dramaturgia que a gente sempre estuda. Toda a vez que você tem um vilão para fazer ou um personagem como o da Marjorie Estiano, que interpreta Mariana, que é uma religiosa que apaixona perdidamente a ponto de sofrer até o limite, torna tudo mais instigante.

Leopoldo Pacheco - Crédito Globo (4)

AR: Que ‘Ligações Perigosas’ são essas?

L.P: Na minissérie inteira tudo se passa como num grande jogo de xadrez vertiginoso e muito sensual, no melhor sentido. Os personagens, principalmente o Valmont do Selton Mello e a Isabel da Patrícia Pillar, vão construindo uma teia ardilosa que vai envolvendo todos os outros personagens.

AR: Como é que o seu Heitor Damasceno se move nessa teia?

L.P: Ele é um burguês no meio da alta aristocracia, que quer ascender socialmente, nada mais actual. O fato de ele ser burguês o liberta, de certa forma, do compromisso aristocrático o que faz com que ele vai entrando nessa teia e se movendo de uma forma muito interessante.

AR: Essa é uma história cheia de personagens de grande complexidade e poucos valores. Você precisou sair da sua zona de conforto para se tornar o Heitor Damasceno?

L.P: Precisei sim. Eu sou um actor já com uma certa idade, tenho 55 anos e nessas ‘Ligações Perigosas’ me relaciono com pessoas com uma idade muito diferente da minha. Eu sou muita família e essa entrega me requisitou muito. Precisei ter um olhar menos tradicional. Eu me joguei nesse personagem de um jeito que me deixou muito feliz, exatamente porque me fez sair de um lugar confortável para entrar num universo muito diferente.

Leopoldo Pacheco - Crédito Globo (3)

Num ambiente de luxo e sofisticação, um homem e uma mulher estabelecem jogos de sedução sem qualquer compromisso com os envolvidos. Como passatempo, eles coordenam planos e metas para provar que não são manipuláveis e descartáveis como os outros, e que podem controlar os sentimentos.

‘Ligações Perigosas’ é uma adaptação do clássico francês “Les liaisons dangereuses”, de Choderlos de Laclos, marca o início do romance moderno na literatura mundial. Depois de versões para o cinema e o teatro, a história será contada na TV em dez capítulos. “É a adaptação mais longa já feita até agora. Todas as outras tiveram que condensar um livro de mais de quinhentas páginas em cerca de duas horas. A minissérie vai conseguir mostrar, por conta do formato, mais do que filmes e peças conseguiram até hoje”, afirma o director Vinícius Coimbra.

A autora Manuela Dias escolheu trazer a história para o Brasil de 1928. “A década de 1920, com seus ‘anos loucos’, é um grito de liberdade. Pudemos dar aos protagonistas uma personalidade arrojada usando bases históricas – eles são personagens avant-garde numa cidade pequena no sudeste do Brasil”. O director acrescenta ainda “É uma cidade portuária próspera, com um grande teatro, que recebe influência da cultura europeia. A gente escolheu um lugar fictício para abarcar esses conceitos de luxo e de vanguarda que a gente tinha pensado”.


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