Entrevista com “Gilberto Amaral” novo reforço do Petro de Luanda


Na primeira grande entrevista desde o regresso a Luanda, o médio fala sobre o seu clube do coração ao site A BOLA. O Petro, diz, precisa dos seus filhos e por isso não resistiu ao chamamento. Mas claro, não podia faltar à conversa o mau momento dos Palancas Negras. “Regresso para ajudar o Petro a sair da crise”

ANGOLA - MALI 2009/10 GRUPO A CAN 2010
Depois de aventuras no Egito e na Europa, decide voltar ao clube onde tudo começou. Sempre foi seu desejo regressar ao Petro de Luanda?
– Foi o clube que me catapultou para o mundo do futebol. Entendo que tudo o que tenho devo ao Petro de Luanda e o meu regresso é uma forma de retribuir tudo o que fez por mim. E numa fase em que o clube se encontra mal, numa situação penosa, acho que é o momento certo para regressar e ajudar a sair desta crise.

– E como foi recebido pelo plantel?
– Sou filho de casa. Conheço toda a gente e fui bem recebido. Quando é assim, tudo fica mais fácil. Acho que o enquadramento tem sido dos melhores. Agora, o que tenho de fazer é trabalhar para conquistar um lugar e ajudar. A posição em que está a equipa não dignifica o nome do clube e sabemos que temos de participar, porque saíremos todos a ganhar.

– Assinou por quantas temporadas? É para terminar a carreira no Petro?
– Fiz contrato de época e meia. Quanto ao que me espera, ninguém sabe o futuro. Mas hoje digo que gostaria de terminar no Petro, por tudo o que sinto aqui e por tudo o que este grande clube me proporcionou ao longo da carreira. O meu regresso é uma demonstração de que estou com o clube, mas ninguém sabe o que pode acontecer no futuro, daqui a um ou dois anos. Mas a minha vontade é permanecer no Petro.

– O que se pode esperar do Gilberto?
– Não vamos ter o Gilberto de há cinco anos, mas garanto que teremos um Gilberto mais experiente, que aprendeu a ler os retalhos do campo com o passar do tempo.

– Desde 2009 que o Petro não é campeão. Acha que ainda pode ser este ano?
– Claro. Porquê não? Temos muito campeonato pela frente. Há que acreditar. O Petro tem essa identidade, tudo faremos para mostrar que estamos vivos e mostrar que podemos mudar o rumo deste campeonato.

– Considera normal o Petro estar tanto tempo sem ganhar o Girabola?
– É muito tempo sem vencer o campeonato. Pela grandeza do clube, não é benéfico ficar tanto tempo em branco. Pelo nome que já granjeou ao nível de África, o Petro de Luanda não deve continuar onde está. E todos somos chamados a mudar a situação para melhor. Há tempos, estive a conversar com ex-colegas do Al Ahly e perguntavam-me o que é feito do Petro, que em 2001 fez aquela campanha extraordinária na Liga dos Campeões. Depois estagnou. E um clube como o Petro não pode estagnar.
Reencontro com Flávio
– No Petro vai reencontrar Flávio, seu companheiro de sucesso no Al Ahly e na Seleção…
– Quando estávamos no Egito abordámos muitas vezes essa questão, regressar ao Petro. Sentíamos que o clube não estava num bom momento e o sentimento de voltar tomava conta de nós. Acho que é o momento certo para aquelas pessoas que deram alguma coisa ao clube e que ainda estão no activo regressarem. É benéfico ajudar o clube na altura em que mais precisa dos seus filhos.

– E o que se pode esperar desta dupla?
-Aquilo a que as pessoas estão acostumadas: uma dupla temível. De certeza que faremos tudo para que tenhamos alegrias e contribuamos para as vitórias.

O momento dos Palancas Negras
– Tem experiência de mais de 15 anos na Seleção Angolana. Que análise faz ao momento atual dos Palancas Negras?
– Às vezes fico sem saber o que queremos realmente da Seleção. Porque não se podem fazer duas coisas ao mesmo tempo: renovar e ganhar. Penso que a mensagem não foi bem passada aos amantes do futebol e do desporto em geral.

– Como assim?
– A Direção da FAF tinha de passar uma mensagem mais cuidada. Não é normal uma renovação a 80 por cento e logo a seguir querer ganhar. Isso não acontece em nenhuma parte do Mundo. Outra coisa é jogar bem. Quando se perde e ainda por cima se joga mal, os adeptos ficam tristes. É preciso dignificar a camisola da Seleção e jogar bem. Neste momento não estamos a fazer nada disso.

– O que esteve, no seu entender, na base do fracasso na campanha ao Mundial?
– Fracassámos devido aos aspetos que apontei. E um pouco também devido ao caso Manucho. Lembro-me que também já tive esses problemas. Eu, o Mantorras, o Mendonça… Mas o Oliveira Gonçalves conseguia suprir esse tipo de problemas.

– Como?
– Com descontos nos prémios de jogo, por exemplo. O que não fazia era tirar o jogador da convocatória. Jogavas, mas eras sancionado na diária ou com menos minutos no jogo.

– Ferrín lidou mal com o caso Manucho, então?
– O Manucho tinha de jogar. E ganhávamos ao Senegal e ao Uganda. Deixar de fora a principal unidade do momento, do jeito que aconteceu… Parecia que já estávamos já apurados ao Mundial. Não pode ser. Parecia que naquele momento o Manucho Gonçalves já não seria útil, quando todos sabemos que era fundamental. Perdemos muito com a sua ausência. Se Manucho errou poderia ser sancionado de outra maneira.


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