Os cidadãos residentes no município de Luanda mostraram-se agastados pelo facto do preço do pão registar subidas constantes, nos últimos dias, na capital do país, tendo o pão carcaça disparado de 15 para 50 Kwanzas, em alguns bairros.
O pão de forma antes comercializado por 300, em alguns estabelecimentos passou para 850 kwanzas, o cassete “disparou” de 20 para 100 e para adquirir o pão doce, que antes custava 25, o cidadão deve desembolsar 120 Kwanzas.
Contactados pela Angop, os munícipes defendem uma maior fiscalização por parte do Ministério do Comércio, autoridade competente para o efeito, pois julgam que há um aproveitamento por parte dos produtores do pão.
“ O pão é o nosso alimento do dia-a-dia, e com a subida do preço não temos como satisfazer estas necessidades. Os proprietários das padarias dizem que o preço do trigo subiu, mas isso não justifica”, lamentou Cláudio da Conceição, o morador do bairro Patrice Lumumba, distrito da Ingombota.
A dona de casa Eugenia Figueiredo, do bairro da Kinanga, disse que apesar do governo ter deixado de subvencionar o preço da farinha de trigo, não justifica que as panificadoras aumentem os preços da maneira que bem entender.
Julieta de Almeida, da Maianga, lamentou o facto de o preço ter disparado e o tamanho do pão ter diminuído. “ O pão devia ser o produto mais barato da nossa cesta básica, mas não é o que acontece”.
Na opinião do sociólogo, Abel Chico, os preços devem ser aplicados em função da base de cálculos, e o que esta a ser feito já é uma mera especulação, prejudicando as famílias, uma vez que o pão é um dos principais produtos consumidos pelos cidadãos.
Alguns gerentes de padarias, contactados pela Angop referem que há uma redução na oferta do trigo, o que ocasiona a subida do preço, obrigando-os a vender mais caro o pão.
Explicaram que o preço do saco da farinha de trigo varia entre 26 aos 30 mil Kwanzas, dificultando, deste modo, o normal funcionamento das panificadoras.
Entretanto, o director provincial da indústria, José Manuel Moreno, disse que estudos estão a ser feitos, no sentido de se regular a importação de farinha de trigo e consequentemente a redução do preço do pão, num curto espaço de tempo.
Reconheceu que existe má fé por parte de alguns exportadores, retendo a farinha de trigo, o que tem sustentado a subida do custo do produto no mercado e consequentemente a alta do preço do pão.
Já Associação das Indústrias de Panificação e Pastelaria de Angola (AIPPA), reunida em Junho em Luanda, afirmou que pretende fixar o preço do pão no mercado nacional, para permitir que o produto chegue mais facilmente à mesa de todos os consumidores.
O presidente da associação, Gilberto Simão, durante o encontro com os industriais de panificação, afirmou que uma proposta nesse sentido já foi submetida ao Ministério das Finanças para a devida aprovação.
A associação, prosseguiu, quer encontrar soluções junto ao Governo Provincial de Luanda para melhorar a qualidade e a oferta do pão. “Para isso contamos com a participação de todos os panificadores de Luanda”.
Gilberto Simão informou que a associação está a trabalhar na formação dos pasteleiros, na formalização da venda e na implementação de medidas para acabar com a venda irregular do pão.
Por sua vez, o presidente da associação dos empresários de Luanda, Francisco Viana disse que um dos problemas que mais afecta a classe é a redução de matérias-primas para a produção do pão.
“ Hoje podemos notar que muitas padarias a nível da cidade capital (Luanda) encerraram as suas portas por falta de farinha de trigo, isso tem preocupado a classe, porque sabemos este facto pode resultar na redução da produção do pão”, disse.