BNA vende apenas euros à banca para garantir importações


As vendas de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) à banca comercial angolana aumentaram na última semana para 136,2 milhões de euros e exclusivamente na moeda europeia, garantindo necessidades de importações, informou aquela instituição.

BNA

A informação consta do relatório semanal do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a agência Lusa teve hoje acesso, sobre as vendas de divisas entre 15 e 19 de fevereiro.

No período anterior, o BNA tinha vendido o equivalente a 57 milhões de euros, essencialmente em dólares, mas também com a estreia da moeda europeia nestas transações, com 5,5 milhões de euros.

No período em análise, a instituição destinou aos bancos comerciais 130,6 milhões de euros em leilão de preço “para cobertura de necessidades gerais de importação de bens e serviços”, lê-se na mesma informação do BNA.

Angola enfrenta há mais de um ano uma crise financeira, monetária e cambial decorrente da quebra da cotação internacional do barril de crude, tendo visto as receitas fiscais com a exportação de petróleo caírem para metade em 2015 e com isso a entrada de divisas (dólares) no país.

Paralelamente, devido à escassez de divisas e limitações aos levantamentos de dólares impostos nos bancos, o mercado informal, de rua, transaciona a nota de um dólar norte-americano a cerca de 350 kwanzas.

Segundo o BNA, a taxa de câmbio média de referência de venda do mercado cambial primário, apurada ao final da última semana, ficou-se 159,735 kwanzas por cada dólar, um ligeiro aumento face à anterior.

Há pouco mais de um ano, antes do agravamento da crise da cotação do petróleo no mercado internacional, a injeção de divisas no mercado angolano ultrapassava normalmente os 2.000 milhões de dólares por mês.

O governador do BNA, José Pedro de Morais Júnior, disse a 27 de janeiro que a instituição está a promover a “racionalização” de divisas aos bancos comerciais, mas assegurou que os recursos disponíveis “são suficientes”.

“Para 2016, temos os recursos em divisas suficientes para gerar as taxas de crescimentos que estão a ser apontadas ou que serão fixadas no quadro dos investimentos de programação do Governo”, afirmou o governador.

Admitiu, contudo, uma “redução” na “liberação” que até agora existia na banca comercial, sobre a disponibilização das divisas que compravam em leilões ao BNA, que “neste novo quadro” passam a ter uma “maior racionalização” na sua distribuição.

Persiste a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.

A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.

AR/Lusa


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