Na cidade de Montevidéu, no Uruguay, aconteceu a Expo Cannabis 2021, a feira da indústria de cannabis, também conhecida como liamba, onde a legalização da planta permitiu o desenvolvimento de mais de 160 empresas. De comida para cães, gin, cosméticos ou remédios a fertilizantes ou utensílios para fumar, mais de 150 stands expõem produtos na oitava edição da feira de três dias que começou na passada sexta-feira.
A indústria da cannabis no Uruguai “cresce de forma exponencial”, de acordo assegura à AFP Mercedes Ponce de León, fundadora e organizadora do evento, que acrescenta que este ano “mais de 30% dos stands foram estrangeiras”, com empresas do Brasil, África do Sul, Canadá, entre outras.
Tanto as empresas quanto os turistas são atraídos pela estrutura regulatória amigável com um produto que ainda é ilegal em muitas partes do mundo.
O Uruguai tornou-se em 2013 no primeiro país do mundo a legalizar a produção, distribuição e consumo de cannabis. Desde então, o país concedeu 151 licenças de cultivo, das quais a grande maioria (mais de 80%) são para plantações de cânhamo, segundo números da agência de promoção de investimentos público-privada Uruguay XXI. O resto é para plantações de cannabis psicoativas ou medicinais.
Além disso, são 17 licenças para industrialização e sete para investigação, abrangendo 164 empresas dedicadas ao sector. Quanto à cannabis, pode obtê-la de três formas: cultivando em casa para consumo pessoal, num clube ou numa farmácia, em todos os casos, é necessário estar registado e, por enquanto, a compra não é permitida aos turistas, embora a ideia esteja a ser avaliada para 2023. A venda em farmácias, habilitada desde 2017, é nominativa e limitada a 40 gramas mensais por pessoa.
Existem actualmente cinco empresas autorizadas a produzir e a distribuir cannabis para 46.375 pessoas que estão registadas para comprar. Também existem 12.902 produtores domésticos e 213 clubes com 6.452 associados, de acordo com os últimos dados do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (Ircca) atualizados para novembro.
O Uruguai realizou a primeira exportação de cannabis em 2019 e, em 2020, registou vendas que ultrapassaram os 7,5 milhões de dólares, com cerca de 10 toneladas de flores vendidas, segundo dados do Uruguay XXI. Embora muitos países tenham descriminalizado o uso e o porte de cannabis, isentando os consumidores das sentenças de prisão, menos países oferecem uma estrutura legal para o cultivo e consumo. Apenas o Uruguai e o Canadá têm regulamentações a nível nacional que cobre o uso medicinal e recreativo da planta.