Médicos realizam primeiras cirurgias maxilo-faciais em Angola


Pela primeira vez na história da saúde pública em Angola, foram realizadas, nesta quarta-feira, 29 de Março, no hospital Josina Machel, as primeiras cirurgias ortognáticas (maxilo-faciais), com o objectivo de corrigir as deformidades faciais de alguns pacientes.

Foto: Edições de Novembro

O chefe dos Serviços de Maxilo-Facial do Josina Machel, Agnelo Lucamba, explicou numa entrevista ao Jornal de Angola, que a realização desta cirurgia, de reposicionamento dos ossos da mandíbula e da maxilo, sempre foi necessária porque o posicionamento inadequado prejudica, não só a aparência do rosto, mas afectam as funções vitais como respiração, mastigação e causa apneia de sono.

Agnelo Lucamba disse que as duas primeiras pacientes beneficiadas das cirurgias ortognáticas, têm 15 e 26 anos. “A ideia é corrigirmos algumas deformidades faciais dos pacientes. Uma delas, de 15 anos, por exemplo, nasceu com lábios leporinos e fenda do palato. Esse facto, associado ao mau posicionamento do osso da mandíbula, a levou a ter o rosto torto, como se fosse uma meia lua e a causava grandes problemas no processo de mastigação”, esclareceu.

Já a outra paciente, tinha o queixo muito grande e voltado para frente, assim como alguns problemas de mastigação, tinha dificuldades respiratórias.

“Como já vinham com certa regularidade ao hospital foram integradas na lista de espera das cirurgias ortognáticas e as fizeram pela primeira vez ontem, a custo zero”, contou.

O cirurgião disse que por norma são cirurgias demoradas, e, esta primeira, teve a duração de cinco horas e envolveu especialistas dos hospitais Josina Machel, Prenda e Américo Boavida. “A ideia é tornar este processo rotineiro em quase todas as unidades de saúde de nível terciário”.

Por ser a primeira vez que é feita uma cirurgia deste género a nível do sistema de saúde público, referiu, a equipa de médicos maxilo-faciais foi orientada por um especialista de nacionalidade brasileira, que veio à Angola a convite da direcção do hospital Josina Machel.

Um dia após as cirurgias, contou, as duas pacientes estão a recuperar bem. “No momento não necessitaram de cuidados intensivos e dentro de três dias vão ter alta hospitalar. Porém, vão continuar a ser seguidas em consultas de ambulatório até estarem totalmente curadas”.

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