Conhecida como a mãe mais jovem da história, que deu a luz aos 05 anos de idade, Lina Medina é a figura de um caso de abuso que chocou o mundo e até hoje nunca se encontrou os culpados. Actualmente com 88 anos Lina é viúva e vive sozinha em Lima, no Peru.
Tinha cinco anos quando deu à luz e se tornou na mãe mais jovem da história. Foi em 1939 que em Ticrapo, numa das aldeias mais pobres de Peru, onde fez manchetes em todo o mundo. Grávida aos cinco anos, Lina Medina foi alvo de um intenso escrutínio pela imprensa, pelo sistema legal e pela comunidade médica quando deu à luz um bebé saudável. O caso voltou a ser falado recentemente, em inúmeros órgãos de comunicação como o jornal ElTiempo ou The Sun, a propósito do aniversário de Lina, agora com 88 anos.
A história relata um contexto social e familiar de Lina sempre marcado pela vulnerabilidade e pela pobreza extrema. Na época, enquanto criança, vivia com os pais e mais oito irmãos dentro de uma das tribos primitivas da remota aldeia de Ticrapo, no Peru. Com apenas 5 anos, a menina deu entrada no Hospital de SanJuan de Dios, na cidade de Pisco, pertencente à região peruana de Ica. Antes disso, a menina fez uma viagem de dois dias a pé com o pai e o irmão mais velho, depois dos curadores locais (apelidados de xamãs) não darem uma resposta ao visível inchaço na barriga.
Os registos médicos apontavam para deformações na barriga da criança que “aumentavam todos os meses”, traduzindo-se em fortes cólicas. Depois de excluírem a hipótese de tumor, o resultado chegou com uma radiografia. Aos cinco anos, Lina Medina estava grávida de sete meses. A menina deu à luz um menino a quem chamou de Gerardo, em homenagem ao médico que a acompanhou. Foi sujeita a uma cesariana, uma vez que o seu corpo, ainda em desenvolvimento, impossibilitava a realização de parto normal.
Lina Medina foi diagnosticada como um caso de puberdade precoce, extremamente raro. Se tipicamente os primeiros sinais da puberdade surgem aos 11 anos numa menina, nesta condição sinais como a menstruação ou aumento dos seios podem surgir aos sete ou oito anos. Para além do grande fascínio da comunidade científica, tornava-se imperativo descobrir quem abusou da menina. Apesar de não se ter apurado o agressor sexual da menina, o pai de Lina, Tibúrcio Medina, acabou por ser o único detido. Sem provas, Medina acabou por ser libertado dias depois. A investigação continuou durante anos, sem nunca se ter aproximado de uma conclusão. Lina nunca contou a verdade dos factos, na verdade, o médico Edmundo Escomel, para a revista La Presse Médicale, adiantou que talvez ela mesma os desconheça, pois “não conseguia dar respostas precisas”.
Aos 39 anos, Lina foi mãe pela segunda vez depois de se ter casado com Raul Jurado. Em 2002, como sempre fez, terá recusado uma entrevista com a Reuters. Na altura vivia com o marido numa casa pequena e com dificuldades. Segundo o El Tiempo, Lina ficou viúva em 2009 e vive sozinha em Lima, no Peru, aos 88 anos. Nunca aceitou dinheiro para entrevistas e o Estado acabou por nunca prestar a prometida assistência ou ajuda financeira. Lina nunca deu nenhuma declaração a respeito do que aconteceu, e sempre viveu uma vida absolutamente recatada de forma a evitar ao máximo o olhar dos curiosos e o escrutínio de que foi alvo desde os seus cinco anos.
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