Boko Haram queima bandeira da Nigéria e diz que o maior país de África está morto


O grupo de Abubakar Shekau chama cobardes aos militares nigerianos, ameaça Camarões e prepara-se para reagir à ofensiva do Chade. Graças a atentados, ataques a cidades e sequestros, arrisca desestabilizar três países.

Goodluck Jonathan é um infiel, o general Mohammed Buhari também, proclamou num vídeo Abubakar Shekau, desde 2009 líder do Boko Haram. Para o homem que tem desestabilizado o Norte da Nigéria e ameaça propagar a guerra santa aos vizinhos Camarões e Chade, o presidente cessante, um cristão, e o seu principal rival nas eleições de 14 de fevereiro, um muçulmano, são iguais. No fundo, ambos inimigos do grupo que combate pela criação de um califado e que declarou morta uma Nigéria que desde a independência, em 1960, procura o equilíbrio entre um norte islâmico e um sul onde a colonização inglesa deixou marca cristã. Em tom desafiador, num discurso em que começou por falar em árabe, passou depois para haúça e acabou com ameaças proferidas em inglês, Shekau exibiu o material militar que terá sido capturado ao exército nos recentes ataques junto ao lago Chade e relembrou que “aqueles que começaram com paus e machetes são agora uma grande dor de cabeça para os todo-poderosos soldados nigerianos”.

Controlando uma área no Nordeste nigeriano de 70 mil km2, mas com capacidade para atacar à bomba até em Abuja ou Lagos, a capital económica, o Boko Haram promete continuar a guerra e ontem avançou sobre Maiduguri, no estado de Borno. Condenado pelos líderes islâmicos nigerianos, o Boko Haram começa a estar na mira dos países da região, que esperam apoio internacional contra um grupo que desde ligações à Al-Qaeda até ao tráfico de pessoas e de droga acumula suspeitas. E se Jonathan, que declarou o estado de emergência no Nordeste em 2013, insiste ser preciso melhorar o armamento para enfrentar os terroristas, já Buhari promete afastar os comandantes incompetentes e corruptos e enfrentar de uma vez por todas o Boko Haram.

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