Os bancos angolanos acederam na última semana a 187 milhões de dólares (171 milhões de euros) em divisas vendidas pelo Banco Nacional de Angola (BNA), o melhor registo em várias semanas.
A informação consta do relatório semanal do banco central sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a Lusa teve hoje acesso, relativamente à venda de divisas entre 11 e 15 de janeiro.
Estas vendas foram de apenas 7,5 milhões de dólares (6,8 milhões de euros) na primeira semana de 2016 e de 135,1 milhões de dólares (123,8 milhões de euros) na última semana de 2015, valores mínimos de alguns meses.
As vendas neste período foram concretizadas a uma taxa de câmbio média de 156,388 kwanzas (92 cêntimos) por cada dólar, inalterada face à semana anterior.
Segundo o BNA, a venda de divisas na última semana “destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária”, nomeadamente 122,2 milhões de dólares (112 milhões de euros) em leilão de preço para cobertura de necessidades gerais dos bancos comerciais.
Há ainda registo de 6,6 milhões de dólares (seis milhões de euros) em divisas para operações de viagens e remessas de dinheiro ao exterior do país, de natureza de ajuda familiar, e 58,2 milhões de dólares (53,3 milhões de euros) para cobertura de operações inferiores a 20.000 dólares (18.300 euros).
Angola enfrenta uma crise financeira e económica face à redução de receitas fiscais do petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.
Persiste a forte redução da disponibilidade de moeda estrangeira no país, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.
Alguns bancos angolanos limitaram a venda de divisas a clientes a um máximo de 1.000 dólares (918 euros) por semana e bancos norte-americanos têm vindo a anunciar a suspensão de venda de dólares a Angola.
A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.
AR/ Lusa