Uma mulher, de 31 anos, que sofria de um tumor profundo no cérebro, há seis meses, foi a primeira, no país, a beneficiar-se de uma cirurgia neurológica, com recurso à tecnologia do neuronavegador e do microscópio cirúrgico.
De acordo o Jornal de Angola, a paciente foi operada, quarta-feira(17), no Complexo Hospitalar de Doenças Cárdio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento (CHDCP), em Luanda, numa intervenção que durou uma hora. O director do Serviço de Neurocirurgias do Hospital, Djamel Kitumbo, explicou que o tumor da paciente era tão profundo, que comprimia os nervos da visão, causando cegueira e crises epilépticas. E fez saber que a jovem mulher se encontrava grávida de quatro meses, quando lhe foi diagnosticado o tumor, por meio de uma ressonância magnética, o médico disse ainda que a cirurgia foi retardada não só pela gestação, mas, também, por falta de tecnologia adequada.
“Com a ressonância magnética, percebeu-se que o tumor estava localizado numa zona inacessível para a remoção em cirurgia aberta, era necessário fazer-se com recurso a técnicas modernas e menos invasivas, para evitar os possíveis danos que seriam causados devido à delicadeza e complexidade do cérebro”, explicou o cirurgião.
O médico avançou que a paciente tinha todos os critérios para ser evacuada ao exterior do país, a fim de ser operada, uma vez que a nível dos hospitais angolanos não existiam condições técnicas para prosseguir com o tratamento.
Djamel Kitumbo adiantou que, com a chegada do aparelho neuronavegador e o microscópio cirúrgico, foi possível, em apenas uma hora, realizar com sucesso a operação no país, envolvendo apenas médicos angolanos.
Questionado sobre a utilidade do neuronavegador, o director do Serviço de Neurocirurgias sublinhou que o aparelho dispõe de um software que consegue unir a imagem da ressonância magnética realizada antes do procedimento e a anatomia do paciente em tempo real, por meio de um apontador que sinaliza o local do cérebro a ser manipulado.
Djamel Kitumba informou que a máquina de alta tecnologia realiza diagnósticos mais claros e precisos do sistema nervoso e de malformação arteriovenosa cerebral, tendo garantido que, com a instalação deste aparelho, vão ser evitados erros de localização que podem ter consequências graves em termos de défices neurológicos para o doente.
“O aparelho permite ter uma definição das vias de abordagem e dos limites de remoção das lesões tumorais e, apesar de se fazer a cirurgia com o uso do aparelho, ainda assim, foi um procedimento muito difícil”, revelou.
O especialista em Neurocirurgia avançou que o sistema, adquirido num valor aproximado de dois milhões de dólares, traz uma nova realidade para o serviço e para o país em termos de número e qualidade, diminuindo o peso e a responsabilidade para a Junta Nacional de Saúde, uma vez que essas operações eram, maioritariamente, feitas no exterior.
De acordo com Djamel Kitumba, a paciente já está na enfermaria, numa altura em que o seu quadro clínico é estável, podendo ter alta médica brevemente.
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