Analista indica Angola como o país com mais potencial para responder às necessidades energéticas da Europa


A analista da ‘Control Risks’, Marisa Lourenço, que segue as economias lusófonas, disse nesta quarta-feira, 11 de Maio à imprensa, que Angola é o país africano com mais potencial para responder às necessidades energéticas da Europa, que procura afastar-se da Rússia.

 

Em declarações à Lusa, a propósito da nova política energética europeia, a analista realçou o potencial angolano para responder as necessidades da União Europeia nos próximos meses.

“Angola é o país com mais potencial para responder às necessidades energéticas da União Europeia a curto prazo, é um dos poucos países na região que já exporta gás para os mercados internacionais, incluindo Brasil, Japão, China e Coreia do Sul”, disse Marisa Lourenço.

Em causa está a tentativa dos países ocidentais em diversificarem as compras de gás à Rússia, e a perspectiva de que as nações africanas produtoras de gás serem uma alternativa viável.

“A capacidade de aumentar a produção de gás, torna este país o imediato vencedor da mudança geopolítica originada pela guerra na Ucrânia, com a Guiné Equatorial, a República Democrática do Congo, a Mauritânia e o Senegal a estarem bem posicionados para beneficiar nos próximos dois a três anos. Angola não só tem já uma infraestrutura de exportações que lhe dá uma vantagem face aos pares regionais, permitindo à União Europeia aceder às cadeias de fornecimento, como as principais petrolíferas não têm de investir tanto capital para aceder às reservas, e é capaz de aumentar a produção”, acrescentou a analista.

Marisa Lourenço, considerou a Sonangol como uma empresa competente, que é capaz de atrair trabalhadores estrangeiros altamente qualificados, e salienta que os países europeus já estão a olhar para Angola, exemplificando com o “importante acordo” entre a Itália e o país lusófono africano para diversificar as fontes de energia.

Questionada sobre as perspectivas da Guiné Equatorial e de Moçambique, que será um dos maiores produtores de gás a nível mundial no final desta década, Marisa Lourenço respondeu: “Moçambique, tal como a Nigéria, não vão conseguir aproveitar a oportunidade, primeiro devido à volátil situação de segurança, e segundo devido ao desenvolvimento limitado do sector gasista e a um confuso enquadramento regulamentar”.

A insurgência militar em Moçambique, na província de Cabo Delgado, “está a atrasar a evolução do país de um pequeno produtor que vende a maior parte da produção à África do Sul, para um exportador global”, com as exportações devem começar em 2026, “mas esta data ainda está sujeita ao ambiente volátil de segurança”.

A Guiné Equatorial, tal como Angola, “já tem a infraestrutura de exportação preparada, com carregamentos não só para Espanha, mas também para o Chile e para os Estados Unidos, mas uma burocracia ineficiente prejudica a atratividade do mercado, embora o aumento da procura e a oportunidade das principais empresas petrolíferas se afastarem da Rússia, possa motivar melhorias no ambiente empresarial”.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de Fevereiro e a ofensiva militar provocou já a morte de mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade do número real ser muito maior.


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