Hilário Belson fala sobre a relevância da peça “Gemidos de Três Mulheres”

O actor e encenador angolano, Hilário Belson, falou recentemente em entrevista ao AngoRussia, sobre a principal mensagem que o elenco da peça teatral “Gemidos de Três Mulheres” pretende passar ao público.

De acordo com o encenador, a peça foi idealizada pela actriz e produtora Helena Moreno, na qual junto do elenco decidiu embarcar e tornar real o sonho da mesma.

Hilário destacou que “Gemidos de Três Mulheres” tem como grande objectivo dar voz as auxiliares domésticas que são descriminadas e muitas vezes vistas como pessoas “miseráveis”.

“Primeiro dizer que as três acabam por ser uma gota num oceano imenso das dificuldades que passam as empregadas domésticas, penso que é em boa altura que a Helena pensou nessa peça, porque é uma classe de pessoas que a dado momento a gente vê e parece que são resumidas a nada, a miséria, temos que vestir a ‘casaca’ para de facto darmos voz à estas, e mostrar que aqui também tem um grupo de seres humanos que precisam ser olhados com olhos de ver”, disse.

Sobre as dificuldades que tem encontrado ao longo deste projecto, Hilário Belson conta que a falta de domínio de certas técnicas chega a ser uma das principais barreiras, sobre as quais tem trabalhado arduamente.

“A maior dificuldade é o entrosamento, a coesão da peça em si, porque ela precisa ter uma dinâmica, e quando olhamos no grupo de actrizes encontramos um conjunto de técnicas que algumas não dominam,  penso que a maior dificuldade parte mesmo desse pressuposto, explicou.

Em relação à reação do público, Hilário Belson, diz que o seu elenco espera que o mesmo receba a peça tal como têm planeado, e que se consiga realizar 70% daquilo que está a ser preparado.

“A prior nós queremos que o público de facto receba a peça como estamos a projectar, se conseguirmos pelo menos 70% daquilo que estamos a esboçar, penso que o público poderá receber de bom grado, e deleitar-se de momentos do bom teatro”, disse.

Questionado se já é possível viver do teatro no país, Hilário considerou que além do conceituado grupo Horizonte Njinga Nbande, e alguns renomados actores que estão do mercado há vários anos, quase ninguém vive do teatro em Angola tendo em conta a realidade.

“Tirando o Horizonte Njinga Bande que é profissional nesse aspecto, e alguns actores que vão sobrevivendo, penso que a realidade diz que em Angola ainda não é possível viver do teatro”, completou.