Filme “Aleluia” do realizador Zezé Gamboa foi seleccionado para financiamento


De acordo com o Jornal de Angola, o novo filme “Aleluia”,  do realizador angolano Zezé Gamboa, foi seleccionado para financiamento, no âmbito da edição 2014 do “Open Doors”, fórum de apoio às produções de cinema estrangeiras, associado ao Festival de Locarno um prestigiado certame da Classe A, realizado na Suíça.

Zezé Gamboa

“Aleluia” foi selecionado num conjunto de 12 projectos de realizadores africanos, e mais duas longa-metragens ficcionadas: “Heart and fire”, “Comboio de sal e açúcar”, e o documentário, “Kula, uma memória em três actos”, dos moçambicanos, Sol de Carvalho, Licínio de Azevedo e Inadelso Cossa.

A inexistência de formação, para que existam produções de qualidade, a inconsequência no financiamento e a distribuição, limitada e circunscrita, são os grandes factores que inibem o desenvolvimento do cinema, na generalidade dos países africanos do espaço de língua portuguesa. A luta pela integração, valorização e prestígio do cinema africano tem sido muitas vezes inglória, num mundo dominado pela indústria do cinema dos países desenvolvidos e por uma concorrência desigual, de contornos marcadamente complexos.

Nos últimos dez anos de cinema angolano, o Estado atribuiu financiamento a três produções que tiveram assinalável impacto internacional: “Na Cidade Vazia”, de Maria João Ganga, “Comboio da Canhoca”, de Orlando Fortunato, e o “O herói”, de Zézé Gamboa, a última película retrata a vida de um ex-militar nas ruas de Luanda, e foi vencedora da “World Dramatic Competition” do Festival de Sundance, em 2005.

O novo projecto cinematográfico de Zezé Gamboa, conta a história de um barco de pescadores cabo-verdianos que, durante dois anos e meio, fica perdido no mar, e vai parar à costa brasileira. O filme, que acaba por ser uma reflexão sobre os limites da resistência física e psicológica da espécie humana, recoloca em questão a polémica do racismo, emigração e rebate o direito internacional marítimo, quando uma embarcação nega o socorro aos pescadores debilitados”.

Filho de Alberto José Gamboa dos Passos e de Jacinta Octávio Gamboa dos Passos, José Augusto Octávio Gamboa dos Passos, Zezé Gamboa, nasceu em Luanda no dia 31 de Outubro de 1955. De 1974 a 1980 foi realizador do Telejornal e de Programas de Informação da Televisão Pública de Angola. Zezé Gamboa obteve, em 1984, o diploma de engenheiro de som na Néciphone, sob direcção de Antoine Bonfanti, em Paris, tendo participado, na condição de engenheiro de som, em mais de trinta produções cinematográficas internacionais. Em 1989 iniciou a realização de documentários, com “Mupiopio e “Dissidência”, dois registos 0ldocumentais de reconhecido mérito internacional.

Em 1992, durante o processo de paz em Angola, Zezé Gamboa começou a desenvolver a sua primeira longa-metragem, “O Herói”, mas a guerra civil recomeçou. Depois de inúmeros obstáculos e dificuldades, o filme foi finalmente rodado em 2002, e apresentado, em 2007, no Festival de Cannes, como celebração do cinema Africano.

“O grande kilapy” , é a sua mais recente  longa-metragem. Membro do Júri em vários festivais, Zezé Gamboa é referenciado em dois títulos sobre cinema africano: Participou em diversas iniciativas sobre o Cinema Africano: \”Cinema Africano: Novas Formas Estéticas e Políticas\” de Manthia Diawara, e \”Cinema Africano\” de Manthia Diawara e Lydie Diakhaté.


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