Karina Barbosa relembra dos desafios para se estabelecer no show biz angolano: -“Estou cá há 23 anos e ainda existe essa conversa, mas essa é estrangeira”


A empresária de sucesso, Karina Barbosa abriu recentemente o coração durante a sua participação no Podcast “MoveOn Angola”, e falou sobre o seu percurso profissional e a adaptação no país, tendo relembrado também dos desafios que passou para se estabelecer no mercado da moda e eventos. 

Durante a conversa, quando questionada pela apresentadora Vanda Pedro, sendo estrangeira num país totalmente novo, quais foram os maiores desafios que encontrou para se implementar no mercado da moda e eventos, Karina contou que quando chegou em Angola, ninguém chegou a sua casa e bateu a porta para oferecer trabalho, e fez saber que sempre foi uma pessoa determinada e foi atrás de tudo que hoje alcançou.

“Tudo é conquistado, ninguém dá nada a ninguém, quando cheguei aqui ninguém chegou a minha casa, bater a porta e dizer: ‘olha, toma este contrato, toma este projecto. Tudo eu tive que correr atrás, criar os projectos, estruturar, orçamentar, vendar e fazer o meu pitch, convencer os clientes que era uma boa ideia. Se calhar o que eu trazia e a minha mais-valia era porque sou uma pessoa que sempre procurou a excelência, em tudo que faço até hoje, eu sou muito de detalhes e normalmente entrego mais que aquilo que me foi pedido. Então isso fez-me ter clientes, obviamente se tu pagas 100 e estão a entrega-te 130, é mais fácil contratares essa pessoa”, começou por lembrar.

A CEO da STEP, relembrou que umas das dificuldades que teve, obviamente foi o choque cultural, pois vinha de um país mais desenvolvido e melhor estruturado.

“Falamos de coisas básicas como água, luz, internet, telefone, comunicação, saúde, neste aspecto foi difícil adaptar-me, eu não sabia o que era um tanque de água, eletrobomba, gerador, então tudo isso foi uma aprendizagem, mas eu estava tão envolvida com o propósito que isso me adaptei bem. Outras as dificuldades é que a pessoa é sempre vista como estrangeira, mesmo até hoje, eu estou cá há 23 anos, e ainda existe essa conversa, ‘mas essa é estrangeira’ existe assim um pouco de resistência e essa narrativa que as pessoas querem fazer crer que ‘os estrangeiros chegam e roubam o nosso trabalho’, não. É o que eu digo sempre quando cheguei já encontrei as pessoas e então não faziam porquê? Não fazem porquê? Porque é sempre ela a fazer?. As pessoas não estão trancadas, algemadas, toda a gente é livre e tem a oportunidade de fazer os seus projectos e apresentar ideias e vender, mas se calhar é mais fácil apontar o dedo ao outro do que correr atrás e ir à luta”, conta.

Karina, salientou que actualmente o mercado é mais masculino e para as mulheres é mais difícil, sendo estrangeira, mulata e solteira pior ainda.

“É preciso ter muito cuidado para navegar tudo que tem a ver com assédio, oportunismo, tentativas de levarem-te para caminhos que não são a tua visão. Foi difícil também explicar o que é o entretenimento no profissional porque as pessoas pensavam que ser manequim não era uma carreira a sério, ser cantor, parecia tudo uma brincadeira”, disse.

Karina Barbosa é licenciada em Relações Públicas e Publicidade, e começou a sua carreira como manequim, em Portugal. Após oito anos bem sucedidos no mundo da moda, passou para a TV como apresentadora da RTP1, dando rosto ao programa Made In África.


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