Dj Dias Rodrigues defende que produtoras angolanos precisam investir em artistas maduros e experientes


Tendo a LS Republicano realizado um inquérito na passada quarta-feira (23) de Junho, sobre quem poderia ser o novo membro da produtora, Dj Dias Rodrigues aproveitou a ocasião para expor uma inquietação e sugerir que a mesma investisse mais em artistas mais experientes, já que está cheia de “putos que gostam de novinhas”, conforme optou por chamar.  Procurado pelo AngoRussia, o promotor de eventos falou abertamente sobre o assunto e clarificou alguns pontos.

Em conversa com o AngoRussia, Dias Rodrigues explicou detalhadamente o seu comentário, mencionando as duas maiores produtoras do país, nomeadamente LS Republicano e Clé Entertainment,  e destacando que na maioria das vezes as mesma não trabalham com artistas adultos especificamente do estilo semba e outros tradicionais.

“Hoje as produtoras estão de facto a fazer o que podem e o momento também não é adequado. É natural que velem por aquilo que são os seus interesses, principalmente aquelas que têm tentado dar continuidade ao desenvolvimento da música angolana como é o caso da LS Republicano e da Clé. Quando falo em diversificar o mundo musical ou os músicos, que acho importante, estou a falar que por exemplo a Clé começou a ter a mesma linhagem que a LS Republicano, e fez com que o público olhasse ambas como iguais. Mas a Clé conseguiu diversificar um bocado neste parâmetro de investimento de artistas mais adultos e de outros estilos, ‘meus parabéns’, ao fazer duas contratações boas e diferentes numa época complicada, a da Yola Araújo e principalmente do Ivan Alekxei, e comecei a vê-la também pela dinâmica dos produtores que lá tem, como Punidor, com uma visão totalmente diferente e quase igual a minha, o que está a tornar as coisas mais claras. Quando eu falo ‘os cotas’ é mais os músicos de outro gabarito, assim como o Ivan Alekxei que entrou para a produtora Clé, porque hoje as produtoras velam pelos seus interesses e não pensam no amanhã, na projeção que fazem, tudo a base do  imediato que é o mundo de negócios”, começou por explicar.

Dias Rodrigues que é autor do projecto musical “Pikante”, lamentou o facto de não existir nenhuma produtora a nível nacional que trabalha especificamente só com artistas do estilo semba, kizomba e outros estilos tradicionais a cem por cento, e destacou a falta de oportunidades que os mesmo têm, como por exemplo em festas de casamento.

“Em Angola não tem nenhuma produtora de gabarito de artistas com musicas tradicionais, kizomba e semba a 100%. Hoje para ouvirmos semba e kizomba nestas duas produtoras que são consideradas as melhores  que o país tem é difícil”, disse o Dj que ressaltou ainda a importância das produtoras terem pelo menos contratos com os mais velhos como Dom Caetano, Yola Semedo, Calabeto: “Os mais velhos também precisam de ter oportunidades, isso porque as produtoras acham que o imediatismo é que fala mais alto. Não estou contra eles, cada um tem a sua forma de agir, tratar e de fazer da sua produtora aquilo que eles têm na folha, mas é importante diversificar um bocado”.

Dias Rodrigues apelou ainda as mesmas a olharem mais para os ‘cotas’ do semba, pois acredita que as duas produtoras pelo nome alcançado têm essa responsabilidade, a de ir a busca daquilo que é a música de raiz.

“Eu tenho uma boa relação com o Republicano e os gêmeos, deixo aqui a minha mensagem a eles para que diversifique mais aquilo que é o mercado musical angolano. O mercado angolano não é só Rap, R&B, é também semba, kizomba, é também músicas tradicionais”, finalizou.


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