O artista angolano Bonga, uma figura emblemática que traz nas suas canções temas que despertam o interesse do público, debruçou-se durante uma entrevista recente concedida ao Novo Jornal sobre os resultados definitivos das eleições gerais e destacou que o povo não foi levado em consideração.
O compositor e intérprete conhecido a nível internacional evidenciou o seu descontentamento e frisou a importância do voto.
“Como cidadão, não gostei, fiquei chateado, porque as coisas não foram resolvidas como deveriam. Não tomaram o povo em consideração. O voto é importante e ninguém tem de ludibriar a votação do povo”, disse.
O artista, que completou 80 anos de idade e 50 de carreira, diz não ter dúvidas de que o povo terá escolhido a alternância, por isso reprova os resultados definitivos anunciados pelo plenário da CNE.
“Tem de haver mais respeito, mais coerência e mais democracia. Mas, infelizmente, o povo não é tido nem achado, razão pela qual continua a ter grandes desgraças como fome, doenças, falta de escolaridade, o que é muito triste, uma vez que Angola é um País rico”, rematou.
Bonga, que publicamente manifestou o seu voto à UNITA, recorreu à história recente de Angola para justificar a sua descrença aos resultados eleitorais e concluiu ao dizer que comportamento do gênero remonta à antiguidade.
“Este tipo de comportamento, a falsidade, não é de hoje. Temos ainda uma grande oportunidade de mostrar que somos pessoas civilizadas, com amor pátrio e com determinação”, concluiu.
Com mais de 400 composições da sua autoria, 32 álbuns, 7 bandas sonoras de filmes, Bonga é considerado recordista de vendas, já recebeu inúmeros prémios de popularidade e homenagens e, os seus temas têm sido interpretados pelos mais diversos e ilustres artistas, mas, acima de tudo, o embaixador da música angolana é incontestavelmente uma referência obrigatória na cultura africana e um cartão de visita além fronteiras.