O futuro do SIM card depois do Apple SIM


Não atire seu cartão SIM pela janela ainda. Apesar do furor causado pela Apple durante as últimas duas semanas, o fiel cartãozinho que conecta nossos celulares, tablets e notebooks às redes de voz e dados ao nosso redor ainda tem uma longa vida pela frente.

 

Como todo hardware e software já criados, o simplíssimo SIM card contém potencial para evoluir e transcender os moldes originais em que foi concebido, o que sempre inclui a possibilidade, por exemplo, de que um dia ele deixe complemente de ser um cartão físico e torne-se puro algoritmo, como prevêem os engenheiros que estão a trabalhar nas implementações de soft SIM. Mas, não foi isso precisamente que aconteceu ou ameaçou acontecer com a cutucada dada pela Apple esse mês no mercado de mobilidade de dados, embora seja muito provavelmente o início de uma nova maneira de usar o já antiquado cartão.

Pois bem, o SIM card está a ponto de morrer? Em uma palavra: Não! Em algumas mais: não por muito tempo. Tecnicamente falando, a maioria dos telefones disponíveis no mercado é capaz de se conectar a uma rede de dados sem a necessidade da tecnologia obsoleta do SIM card, mas ele ainda permite a operadoras de voz e dados do mundo todo manter controle sobre o acesso à suas redes de 3G e 4G. Essas operadoras gastaram verdadeiras fortunas nos últimos anos desenvolvendo essas redes de voz e dados então é de se esperar que a maioria delas não queira simplesmente abrir os portões para que usuários entrem e saiam quando quiserem de sua infraestrutura. Mas indo na direção oposta, isso é exatamente o que a Apple quer. E quando a Apple quer, o mercado ouve, e segue. Ou é arrastado debatendo-se.

A Apple detesta o SIM card. E sempre detestou, desde o lançamento do primeiro iPhone, e sabe-se que ela já andou a experimentar no passado outras possibilidades de SIMs embutidos e não removíveis. O que foi anunciado no último evento da empresa não foi ainda exatamente isso, mas aponta para um futuro onde o SIM talvez deixe de existir como o conhecemos. Aliás, durante o evento o fato nem foi anunciado formalmente, apenas os novos iPads como novo Apple SIM foram anunciados. Embora o novo Apple SIM esteja a ser incluído por enquanto apenas nos novos iPad Air 2 e nos iPads Mini 3, a jogada da Apple com o cartão foi transformá-lo em um SIM reprogramável que pode receber dados de várias redes de acordo com a vontade do usuário, que escolhe qual operadora usar através da interface amigável de um software, dentro do próprio iOS. Como bem resumiu Ben Wood, Analista e Blogger da CCS Insight: “Não é um SIM Virtual, não é um SIM embutido e não-removível, é apenas um cartão SIM padrão. A parte inteligente é que este SIM pode ser associado à múltiplas operadoras (…)”

A correr na frente e sem olhar para trás, como normalmente faz, a fabricante dos iPads e iPhones pode forçar não só a concorrência mas também as operadoras de dados móveis a simplesmente aceitar o fato de que é para esse caminho que estamos indo. Quando os primeiros iPhones foram introduzidos ao mercado, muitos reclamaram do fato de que a bateria dos aparelhos não era removível. A Apple deu de ombros e continuou a andar. Hoje a maioria de nós nem sequer se lembra que dentro de cada iPhone e iPad há uma bateria. Lembramos que ele para de funcionar se não for carregado de vez em quando, mas não exatamente de que lá dentro há um componente responsável por isso e que no passado era comum ver esse componente separado do telefone e voava  disparada para outra direção quando ele acidentalmente despencava no chão e separava-se em várias partes como um brinquedo de lego. A fabricante de Cupertino praticamente erradicou o conceito de bateria removível de nossas vidas. E está a fazer o mesmo com o SIM card.

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