O escritor e Mestre em Comunicação Empresarial e Marketing angolano, Lady Mukeba, abordou em entrevista ao AngoRussia, sobre a mudança significativa impulsionada pela revolução digital, nos últimos anos, desafios e oportunidades.
Para Lady Mukeba, a transformação digital, entendida como a integração de tecnologia em todos os aspectos da sociedade, tem remodelado indústrias, governos e comunidades em todo o mundo. No entanto, em Angola, essa transformação tem sido enfrentada com resistência e desafios únicos.
“Enquanto em muitos países a transformação digital está em pleno andamento, em Angola, observamos um cenário misto. Por um lado, há esforços notáveis de algumas instituições, especialmente no sector bancário, para impulsionar a adoção de soluções tecnológicas e facilitar a vida dos cidadãos. Entretanto, esses esforços são muitas vezes insuficientes devido à falta de conscientização e resistência por parte da população e de algumas entidades. Um exemplo claro dessa resistência pode ser observado no sector dos transportes relacionados aos combustíveis. Há cerca de duas décadas, o pagamento só podia ser feito em dinheiro vivo”, começou por dizer.
O escritor acrescentou que posteriormente, foram introduzidos os cartões multicaixa, proporcionando maior comodidade e segurança tanto para os consumidores quanto para os fornecedores. Todavia, apesar da evolução tecnológica, ainda é comum encontrar situações onde o pagamento só pode ser feito com cartões multicaixa ou em dinheiro, excluindo alternativas mais modernas como aplicativos de pagamento disponibilizados pelos bancos.
“Este cenário não é exclusivo do sector de combustíveis, mas se estende a várias outras áreas da sociedade angolana. Embora existam soluções tecnológicas disponíveis, a mentalidade da população nem sempre está preparada para lidar com essas novidades. Essa lacuna entre a disponibilidade da tecnologia e sua adopção efectiva é um desafio significativo para o progresso digital do país. Porém, há sinais promissores de mudança. As operadoras móveis angolanas têm desempenhado um papel crucial na promoção da transformação digital, com serviços como Unitel Money e Afrimoney ganhando popularidade. Além disso, outras empresas, como PayPay e Akipaga, estão a oferecer soluções inovadoras que promovem a inclusão financeira e impulsionam a economia digital”, disse.
Para superar a resistência à transformação digital, Lady afirma que é crucial que o governo angolano, por meio do ministério de tutela, implemente medidas de conscientização e capacitação. A educação da população sobre as vantagens e oportunidades proporcionadas pela tecnologia é fundamental para estimular uma mudança de mentalidade e promover uma adopção mais ampla das soluções digitais disponíveis.
Além disso, as instituições que demonstram resistência à essas transformações precisam começar a adoptar medidas progressivas para modernizar os seus serviços. A implementação gradual de tecnologias e processos digitais pode melhorar a eficiência, a transparência e a acessibilidade dos serviços oferecidos, beneficiando tanto as organizações quanto os cidadãos.
Ao finalizar, o Mestre em Comunicação Empresarial e Marketing salientou que a resistência à transformação digital em Angola representa um desafio, mas também uma oportunidade para impulsionar o desenvolvimento e a inovação. Ao superar as barreiras existentes e abraçar plenamente as oportunidades oferecidas pela revolução digital, Angola pode posicionar-se como um líder regional em economia digital e oferecer um futuro mais próspero e inclusivo para os seus cidadãos.