Jovens embarcam em uma aventura nas ondas da conectividade


No dia 23 de maio, cerca de 200 dirigentes dos Escuteiros de Angola, na sua maioria jovens oriundos de muitos dos 164 municípios de 18 províncias, juntaram-se para realizar o 1º Encontro Nacional de Animadores locais.
Passaram a tarde de domingo juntos, discutindo vários temas ligados à promoção de actividades das cerca de cem mil crianças, adolescentes e jovens que compõem a sua organização (é a maior organização apolítica de jovens do país). Os prelectores e moderadores vieram de Luanda, Huila, Benguela, Ondjiva, Namibe e várias outras localidades. A altura tantas, juntou-se à atividade o Bispo do Kwito-Bié, também antigo escuteiro.
Terminada a atividade, por volta das 20H30, cada um voltou à sua vida…
O leitor pergunta-se-á: Espera aí, como foi isso possível? Com medidas do Decreto Presidencial, como foi possível juntar-se tanta gente, e por esse período de tempo, se o limite máximo de pessoas por actividade são 150 e não pode permanecer na sala por mais de duas horas? Como foi possível tanta gente viajar para o mesmo lugar e regressar às suas casas com as limitações impostas às viagens? A resposta é simples: o encontro foi totalmente virtual.
Com o gosto pela aventura e a capacidade de contornar desafios, característicos dos escuteiros, realizaram uma proeza talvez inédita no país: consegui fazer um evento virtual que ligou como 18 províncias e cerca de 50 municípios durante 8 horas consecutivas. E não precisaram de nada especial. Apenas de saldo de dados e dos seus telefones inteligentes e computadores. Na sua forma simples e inequívoca, provaram que o país já tem condições de conectividade para iniciar com confiança o caminho da aplicação de soluções de inteligência artificial.
Não foi fácil. Nalguns lugares, teve que juntar-se num lugar onde o acesso à rede fosse melhor. Em Saurimo e Caxito reuniam-se em escolas; no Bié, no Centro de Formação Profissional do Kuito e no Bispado; em Zaire, no auditório do edifício do Governo Provincial; no Uíge, numa igreja; o mesmo em Malanje, Sumbe, Catchiungo, Kibala, Menongue, Lubango e Dundo. À sua maneira, cada grupo esquindivou as oscilações que ainda teimam em complicar a vida de quem assume agora também uma era digital em Angola. Mas consegui.
Temos defesa, de um tempo a esta parte, que Angola está mais pronta do que parece à primeira vista para fazer um caminho evolutivo em direcção aos benefícios das soluções oferecidas pela inteligência artificial. Temos também, repetidas vezes, mencionado que as medidas de distanciamento impostas pela pandemia são, nesse quesito, uma soberana oportunidade para a aplicação de soluções inovadoras que acaba por ser mais baratas, fáceis de implementar e até mais produtivas, porque exigem menos esforço físico das pessoas.
Como escreveu na plataforma um dos participantes, no final da actividade dos escuteiros: “Este Encontro Nacional de Formação marca uma nova era nos grandes eventos dos Escuteiros de Angola. Com o uso efectivo das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), torna-se mais fácil e barato organizar encontros, formações e outras atividades de âmbito nacional.
Caem por terra as dificuldades de deslocação, alimentação e alojamento, assim como há maior disponibilidade dos prelectores, que não precisam sair das suas casas. Neste contexto em que a pandemia nos obriga ao distanciamento social e individual, essa modalidade assegura que as actividades escutistas não parem e o Movimento permaneça activo e vivo”.
A reacção dos outros participantes não fugiu disso. O grande sentimento é que, graças à conectividade possível ainda, estava descobrindo uma nova avenida com muitas áreas por explorar. E que esta avenida oferecia oportunidades de crescimento quase ilimitadas para o seu movimento.
Por: Celso Malavoleke
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