Os três maiores operadores de telecomunicações de Angola vão passar a ter licenças globais multiserviço, no âmbito da liberalização do setor, incluindo a estatal Angola Telecom, que assim entrará no mercado das redes móveis.
A informação foi prestada hoje pelo ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação angolano numa conferência de imprensa realizada em Luanda, no âmbito de encontros regulares de membros do Governo com os jornalistas, tendo José Carvalho da Rocha aludido ao processo em curso de liberalização do setor das telecomunicações.
“Serão emitidas licenças globais e multiserviço para os operadores que estão ativos no mercado. Unitel, Movicel [operadores de redes móveis, privadas] e Angola Telecom terão licenças globais. Vão permitir que estas operadoras possam prestar serviços em toda a gama”, assumiu o ministro.
O português Pedro Durão Leitão, ex-administrador no grupo da Portugal Telecom (PT) foi nomeado pelo Governo angolano para coordenar a comissão interina que está a gerir a estatal Angola Telecom, em processo de reestruturação. Essa comissão funcionará enquanto são negociados o contrato de gestão e o contrato programa com a nova entidade gestora da empresa pública angolana, noticiou anteriormente a Lusa.
A Angola Telecom é uma empresa pública de telecomunicações e multimédia, fundada em 1992 após a fusão das empresas estatais ENATEL e EPTEL, disponibilizando serviços comerciais de voz e dados, mas com resultados financeiros sucessivamente negativos.
“Foi dada essa oportunidade à Angola Telecom, de poder prestar serviço em todas a gamas. E o que nós temos estado a fazer é prepará-la para que de facto possa prestar estes serviços. Então devem acontecer algumas transformações para dentro”, disse hoje José Carvalho da Rocha.
O último recenseamento geral da população angolana, realizado em 2014, concluiu que o país conta com 25,7 milhões de habitantes, dos quais mais de 7,8 milhões possuem telemóveis e 2.119.946 acesso à internet.
A Lusa noticiou em fevereiro último que o Governo quer entregar a gestão da Angola Telecom e vai vender ativos no âmbito do processo de reestruturação daquela empresa pública de comunicações e multimédia. Este processo ficará “assente na partilha de riscos e benefícios que se revelam como as condições para a sua capitalização e aumento da eficiência da sua gestão, respetivamente”, indicou anteriormente o Executivo.
No âmbito da reestruturação da empresa, o Governo angolano define que a futura entidade gestora da Angola Telecom deve “assegurar a implementação de ações” para “estancar as perdas de quota de mercado”, aumentar as receitas, diversificar a oferta de serviços, entre outros objetivos.
A entidade gestora e o contrato-programa de gestão deverão estar definidos num prazo de quatro meses, estabelece o mesmo despacho.
Em decreto presidencial, de 25 de janeiro deste ano, a administração da Angola Telecom foi já exonerada de funções.
“Queremos que a Angola Telecom se torne numa grande empresa e que se torne também num grande contribuinte para o Orçamento Geral do Estado. Para isso tem que sofrer transformações, o que não tem sido fácil”, concluiu o ministro, questionado hoje pelos jornalistas.