Estudante angolano lança artigo científico baseado na situação económica que o País enfrenta


Estudante bolseiro do 2º ano do curso de “Agronegócio” na Universidade Estatal de Moscovo “РГАУ”, Rússia, Edgar Faxa, desenvolveu um artigo científico “Agricultura como aposta certa para diversificação da Economia angolana” baseando-se na situação económica que o País tem atravessado nos últimos tempos.

 

O artigo contém conteúdo de caracter educativo e informativo e é lançado com objectivo de contrapor eventuais tabus existentes sobre a importância da agricultura na sociedade, incentivando a comunidade estudantil residente na Rússia e não só, sobre o quão grande possa ser no desenvolvimento do País.

“Bastante importante lembrar, que não devemos falar da Agricultura em Angola de uma forma “episódica”, mas falar de maneiras a motivar, incentivar e despertar a importância que o sector representa; melhorando assim o nível de vida da população produzindo alimentos de alta qualidade.

A agricultura de forma geral é considerada como fonte de subsistência do homem. Angola tem excelentes condições edafoclimáticas. Porém um dos grandes objetivos do milénio consiste em almejar a suficiência alimentar, no geral. Diversificando a economia nacional, estaríamos a combater a fome e a pobreza, e como também reduzir a taxa de desemprego, aumentar a produção agrícola nacional fornecendo assim alimentos de alta qualidade e proporcionar melhor qualidade de vida aos angolanos.

Temos de passar da teoria para à prática, falamos tanto da agricultura que acabamos por ficar no entretenimento. Vocês sabiam que 80% da produção agrícola nacional, provém da agricultura familiar (para auto subsistência)? Devemos olhar o camponês, como o motor de uma realidade incontornável.

Outros sectores que considerados prioritários e que de facto deviam contribuir bastante na diversificação da economia de Angola, é sem sombra de dúvidas sector das Minas, industrial, turismo e sector das Pescas. (Faxa Edgar, 2015). Nestas condições, é importantíssimo realçar, que os principais constrangimentos enfrentados pelos camponeses (produtores familiares) e que de facto vem condicionando à produção agrícola nacional, são os seguintes:

1) Falta de insumos agrícolas;

2) Falta de apoio técnico aos camponeses;

3) Falta de centros de comercialização no meio rural;

4) Falta de meio de transporte, para o escoamento de produtos (Meio Rural – Centro);

5) Falta de sementes certificadas e melhoradas geneticamente;

6) Falta de produtos químicos (fertilizantes, herbicidas, insecticidas) e uso irracional dos existentes no país;

7) Pouco potencial do rendimento das variedades local;

8) Falta de fornecedores de sementes de boa qualidade;

10) Falta de organização por parte dos camponeses em formar cooperativas ou grupo de camponeses organizados.

• Agricultura no passado

A agricultura em Angola até 1973 satisfazia a maior parte das necessidades alimentares do mercado nacional, segundo a Organização das Nações Unidas, Angola é o 16º país com maior potencial agrícola do mundo, mas actualmente apenas 3% da terra arável está cultivada (FAO, 2014).

Já foi um dos maiores exportadores mundiais de café e outras culturas agrícolas como o algodão, sisal, milho, mandioca em chips e banana.

• Agricultura nos dias de hoje

Hoje, a Agricultura em Angola caracteriza-se por produções agrícolas de valores muito baixos e o país gasta elevados recursos financeiros na importação de alimentos.

Existe uma área potencial para fazer agricultura em Angola de cerca de 58 milhões de hectares (FAO, 2013), dos quais foram cultivados cerca de 5,2 milhões de hectares no ano agrícola de 2013-14 (MINADERP, 2014), o que representou um aumento de 6% em relação ao ano anterior, a margem de progresso da agricultura em Angola é imensa. • Principais culturas produzidas em Angola:

Milho (cerca de 38%), Mandioca (24%), Feijão (17%), Amendoim (7%), Massango/massambala (4%), Batata-doce (4%), Batata (3%).

O café que até 1973 constituía o principal produto de exportação, representava em 2010 em termos de área explorada apenas 0,6% da superfície cultivada total (FAO, 2010).

• Principais vantagens no sector da agricultura em Angola:

1) Mercado interno dependente de importações;

2) Potencial de 3 milhões de hectares de solo arável;

3) Condições climáticas favoráveis sem poluição em solos, água ou atmosfera;

4) Existência abundante de água;

5) Zonas mais irrigadas: Bengo, Cabinda, Luanda e Huíla;

Zonas de irrigação, o aparecimento de linhas ferroviárias, a renovação de estradas somado com a escassez de produção, viabilizam a agricultura em Angola transformando este sector numa oportunidade.

• Sector prioritário no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND)

O governo está a implementar programas de acção para desenvolver o sector da agricultura em Angola com a criação de incentivos ao agronegócio, agroindústrias e exploração florestal, a par destes também começa a introduzir no sector regulamentação veterinária e sanitária, regulamentação para a construção e reabilitação de infraestruturas de áreas irrigadas, armazéns e silos, bem como a desenvolver os primeiros laboratórios de pesquisa e a criar condições para a formação profissional agrícola.

• Financiamentos à agricultura em Angola

O crédito rural está também a encontrar acções em parcerias bancarias com o governo para impulsionar a agricultura em Angola, foi recentemente assinado um acordo entre o Estado e 19 bancos comerciais onde Estado assume o papel de fiador de empréstimos a conceder pela banca ao investimento na agricultura por parte de micro e médias empresas até ao valor de 1,4 mil milhões de dólares.

A título de exemplo refira-se por exemplo o BDA – Banco de Desenvolvimento de Angola que apresenta uma lista de financiamentos possíveis e condições de acesso ao crédito.

No âmbito do Programa Angola Investe, o Estado afectou 125 milhões de dólares, 25 milhões dos quais com juros bonificados e 100 milhões para as garantias de crédito.

O número de pessoas malnutridas no país passou de 6,8 milhões de pessoas em 1990/1992 para os actuais 3,9 milhões, segundo o relatório sobre o Estado da Insegurança Alimentar no Mundo, em Roma, pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Portanto, a título de conclusão o governo Angolano tem vinculado uma serie de programas e actividades, para de facto salvaguardar a produção agrícola nacional, o desenvolvimento sustentável e acima de tudo almejar a suficiência alimentar. Entre os programas e actividades desenvolvidas permitem-me realçar os seguintes:

Aumentar e diversificar a produção agro-pecuária e pesqueira de forma sustentável para melhorar os níveis de abastecimento alimentar da população e as suas condições de vida. • Garantir a disponibilidade, a estabilidade e sustentabilidade da oferta de produtos alimentares, favorecendo a interligação entre as zonas com excedentes e as de maior poder de consumo de modo a restaurar o mercado interno. • Melhorar as condições de acesso aos alimentos através de garantias de protecção social, principalmente para os grupos mais desfavorecidos. • Diminuir os níveis de malnutrição da população através da melhoria das condições de acesso à alimentação, aos serviços primários de saúde, educação e saneamento básico. • Garantir a segurança sanitária e a qualidade dos alimentos e da água para consumo com vista à protecção da saúde pública e do consumidor. • Criar e implementar sistemas nacionais e locais de alerta rápido, sistemas de monitorização da segurança alimentar e nutricional, bem como mecanismos de comunicação e informação às famílias. • Criar uma plataforma intersectorial de coordenação das políticas e acções em matéria de segurança alimentar e nutricional com participação da sociedade civil. Os sectores das Minas, industrial, turismo e Pescas – Consideradas áreas estratégicas para a diversificação da economia de Angola. ”

 

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