O Chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos, disse esperar que a União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia superem as suas divergências em relação à Ucrânia e estabeleçam um “diálogo construtivo” sobre a paz e a segurança no mundo.
Ao discursar ontem na tradicional cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo pelos embaixadores acreditados em Angola, José Eduardo dos Santos saudou a decisão da Administração norte-americana e do Governo cubano de normalizarem as relações diplomáticas, e defendeu o levantamento o “mais depressa possível” do embargo económico contra Cuba.
O líder angolano defendeu o respeito pelo primado do Direito nas relações internacionais e prometeu ser uma “voz activa” e “mais um voto” no Conselho de Segurança das Nações Unidas “a favor das causas mais nobres”.
Para o conflito entre Israel e a Palestina, José Eduardo dos Santos advoga uma negociação alicerçada no “princípio da cedência mútua razoável”, que permita chegar a um “acordo final que contemple a existência de dois estados soberanos, com segurança garantida”.
O Presidente José Eduardo dos Santos denunciou a acção dos movimentos radicais e extremistas em África, provocando a instabilidade em alguns países. O líder angolano defendeu a neutralização da base de apoio social destes movimentos e a abertura de espaços de convivência para as minorias étnicas, como forma de reduzir a intensidade do esforço militar. Ainda em relação ao mandato de Angola no Conselho de Segurança, o Presidente da República defendeu um trabalho conjunto na “arquitectura equilibrada” de relações económicas e financeiras internacionais e na concretização dos Objectivos do Milénio contra a fome e a pobreza.
O líder angolano falou do HIV-SIDA e do Ébola como factores que condicionam os esforços de muitos países africanos no sentido de concretizar os Objectivos do Milénio, na medida em que, além de ceifarem a vida de milhares de africanos, absorvem recursos financeiros e materiais que poderiam servir o desenvolvimento e o bem-estar das populações.
José Eduardo dos Santos disse contar com cada um dos países com representação diplomática em Angola, como “bons parceiros”, e, como frisou, numa altura em que se assiste a queda abrupta e contínua do preço do petróleo no mercado internacional, é posta a prova a criatividade e a capacidade de identificar novas oportunidades.
Crença no progresso
Pelo Corpo Diplomático acreditado em Angola falou o embaixador do Congo, Jean Baptiste Dzangue, que expressou gratidão pela hospitalidade dos angolanos e elogiou a qualidade das relações diplomáticas que mantém com os outros Estados.
Jean Baptiste Dzangue disse esperar que 2015 seja de desenvolvimento, apesar de ter começado com “desafios que perturbam o mundo”. O diplomata referiu que o início do novo ano ficou marcado por desentendimentos, conflitos, pandemias, perturbações climáticas e desastres naturais, fenómenos aos quais se junta o “espectro da crise económica global”.
As consequências do impacto perigoso sobre o equilíbrio socioplítico e geoestratégico do mundo, disse, coloca em causa a sobrevivência do próprio ser humano. Jean Baptiste Dzangue disse ser impossível ficar indiferente ao trabalho do Presidente José Eduardo dos Santos em prol da paz e da estabilidade em África. O diplomata congolês considerou o líder angolano um “homem excepcional”, cujo empenho na busca de convergência e sinergias, leva a acreditar no futuro do continente africano e faz recuar o ‘afropessimismo’.
O decano do Corpo Diplomático considerou a eleição para membro não permanente do Conselho de Segurança “merecida e brilhante”, pois, como disse, é o resultado da crença inabalável e o compromisso universalmente reconhecido com a paz, a estabilidade e a segurança no mundo em geral e em África em particular.