O acesso das mulheres ao aborto nos Estados Unidos depende da geografia, três anos depois da decisão histórica do Supremo Tribunal que revogou o direito federal ao aborto a 24 de Junho de 2022.

Foto: Google (Autor Não Identificado)
O mapa legal do país tornou-se heterogéneo e, nos 19 estados que proíbem ou restringem severamente o acesso ao aborto, tem aumentado o número de mulheres que morreram ou estiveram à beira da morte porque não conseguiram obter tratamento ou abortos de emergência.
Um dos casos mais recentes a causar polémica foi o de Adriana Smith, uma mulher de 30 anos a quem foi declarada morte cerebral mas que o hospital em Atlanta manteve ligada às máquinas porque estava grávida de oito semanas.
Apesar de legalmente morta, o corpo foi mantido em estado vegetativo até à retirada do feto via cesariana de emergência a 18 de Junho, aos seis meses de gestação, com extrema prematuridade e a possibilidade de não sobreviver.
Em 2024, Amber Thurman e Candi Miller morreram na Geórgia depois de verem recusado tratamento médico por complicações causadas por pílulas abortivas.
“A crise de saúde reprodutiva que os juízes provocaram vai ter consequências para toda a vida”, disse em comunicado a organização Reproductive Freedom for All, assinalando três anos da decisão do Supremo.
“Proibições restritivas e custos elevados tornaram os cuidados abortivos impossíveis de aceder nalgumas regiões do país”, continuou a organização. “Entretanto, o caos e confusão das leis do aborto levaram a mortes que podiam ter sido prevenidas de mulheres grávidas, quando os hospitais atrasaram ou negaram cuidados de emergência”.
No início de Junho, o Presidente Donald Trump repeliu a orientação aos hospitais assinada pelo anterior chefe de Estado, Joe Biden, para que tratassem mulheres grávidas em situação de emergência mesmo que isso implicasse fazer um aborto. No texto da revogação, indicou que tal orientação “não reflecte a política desta administração”.
Os receios de serem acusados criminalmente têm levado médicos a recusar abortos de emergência até ao ponto em que a mulher está à beira da morte, como aconteceu com Josseli Barnica, no Texas. Após sofrer um aborto espontâneo, a mulher teve de esperar 40 horas por tratamento e morreu de sépsis, ou infecção generalizada.