‘Totta’ vai desaparecer do Banco Caixa Geral Totta Angola em 2016


Mudança decorre da saída do Santander Totta da instituição angolana, anunciada no início de Julho. BCGTA angolano deu 10,6 milhões de euros à CGD de Janeiro a Junho e valeu 90% dos lucros do BPI no semestre.

caixa totta

A palavra Totta vai desaparecer da designação do Banco Caixa Geral Totta Angola (BCGTA) até ao final do primeiro trimestre do próximo ano, soube o Expansão junto de fontes conhecedoras do processo. A mudança decorre da compra pela Caixa Geral de Depósitos (CGD) da posição indirecta que o espanhol Santander Totta tinha na instituição angolana, anunciada no início de Julho pelo banco estatal português.

Na sequência do negócio, a CGD passou a controlar, isolada, a maioria do BCGTA. Na operação, a Caixa exerceu o direito de compra da posição que o espanhol tinha no banco angolano, passando a ser o único dono da Partang, holding que detém 51% da instituição liderada em Angola por Fernando Marques Pereira e na qual a CGD detinha 51% e o Totta 49%.

A parceria entre a Caixa e o Santander Totta foi acordada em 2009, levando à criação da Partang, para onde o espanhol transferiu a participação de 51% que detinha no então Banco Totta de Angola (BTA), após vender, em 2008, 49% a angolanos. Com 51% desta sociedade, a CGD passou a ser accionista indirecta com 26% do banco angolano. A Sonangol (25%) e os empresários angolanos António Mosquito e Jaime Freitas (com 12% cada) são os restantes accionistas do BCGTA.

Venda deveu-se a “condições de negócio”

Na conferência de imprensa de apresentação de resultados do Santander Totta, esta terça-feira, em Lisboa, o CEO do Santander Totta afirmou apenas que a venda da posição à Caixa”resulta de um contrato feito há anos entre a CGD e o Totta”. “Nesse contrato, o banco público tinha a possibilidade de exercer uma cláusula de compra obrigatória da posição do Totta, e, caso não fosse exercida, o Totta tinha a possibilidade de vender a sua participação, igualmente com a CGD a ter de comprar”, disse Vieira Monteiro, citado pelo Negócios.

“A decisão tem que ver com condições de negócio”, disse, sem adiantar detalhes aos jornalistas. Também a CGD, que apresentou igualmente resultados esta semana, foi parca em declarações sobre o negócio. “Em Angola, o BCGTA mantém como foco estratégico o segmento empresarial, articulando em estreita colaboração com os outros bancos do grupo o acompanhamento do negócio dos clientes do grupo, quer em termos do apoio ao investimento em Angola, quer relativamente à dinamização do comércio externo entre Angola e as diversas geografias onde o grupo está presente”, lê-se no comunicado de resultados do primeiro semestre.

Entretanto, a CGD teve lucros de 47,1 milhões de euros (cerca de 6,4 mil milhões Kz) de Janeiro a Junho, com as operações internacionais a valerem 44,7 milhões de euros, dos quais 10,6 milhões gerados pelo BCGTA (mais 43% em relação ao mesmo período de 2014).

No seu website, o BCGTA sublinha que foi “o primeiro banco privado estabelecido em Angola após a independência. Foi autorizado a iniciar operações como sucursal do Banco Totta & Açores, em Março de 1993, destacando-se como banco de apoio às empresas exportadoras, nomeadamente empresas petrolíferas, mas também empresas de mineração, bem como empresas multinacionais suas fornecedoras de equipamentos e prestadoras de serviços”.

O BTA, recorde-se, passou para mãos espanholas no final dos anos 80, quando o Santander comprou o português Totta e Açores ao empresário luso António Champalimaud. Entretanto, também o BPI, que conta 50,1% do BFA, divulgou resultados do primeiro semestre esta semana. A instituição liderada em Portugal por Fernando Ulrich teve um resultado líquido positivo de 76,2 milhões de euros (cerca de 10,4 mil milhões Kz), que comparam com perdas de 106,6 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano passado. Ulrich classificou a operação em Angola – que valeu 90% dos lucros do banco – como “um activo extraordinário”.

AR/Expansao


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