Suécia vai fretar navio cruzeiro para alojar refugiados


Com a lotação esgotada nos centros de acolhimento de refugiados, a Suécia está a negociar o aluguer de um antigo navio de cruzeiros para poder instalar, provisoriamente, cerca de 1800 candidatos a asilo. Segundo anunciou esta quinta-feira a agência sueca de imigração, o Governo de Estocolmo está prestes a fechar contrato com o armador norte-americano US Shipmanagers, para fretar a embarcação “Ocean Gala” e convertê-la num centro de refugiados, ancorado no porto de Harnosand, no mar Báltico, a cerca de 400 quilómetros da capital.

O navio em questão, construído em 1982, foi retirado do circuito de cruzeiros no fim de 2015, depois de duas décadas em que cumpriu rotas no Mediterrâneo, nas Caraíbas e na América do Sul. Estava actualmente a ser reconvertido num hotel flutuante: o Governo sueco poderá ser o primeiro “cliente” a beneficiar da segunda vida do navio. Segundo explicou à AFP uma porta-voz governamental, o acordo que está a ser negociado com o armador prevê o pagamento de uma diária de 48 euros por dia, por passageiro. O contrato deverá ser válido por um ano.

Em declarações ao diário Aftonbladet, o responsável pela agência de migração, Willis Aberg, manifestou-se “extremamente satisfeito” com esta solução de recurso, que garante que o país continuará a assegurar “um tecto” para os cerca de 5000 refugiados e candidatos a asilo que nos últimos meses estiveram excepcionalmente instalados em parques de campismo, hotéis e aldeamentos turísticos – mas têm de sair no fim da época de Inverno, com a retoma da actividade comercial desses espaços.

A satisfação de Aberg não é partilhada pelas autoridades municipais de Harnosand, que exigem. “Um navio daquele porte não pode ser ancorado durante um ano sem que tenha sido realizado um estudo de impacte ambiental e sem que tenha sido aprovada uma licença de construção”, reclamou o presidente da assembleia municipal, Fred Nilsson, ao jornal Allehanda.

Além disso, como reconhece o Governo, o “aluguer” do navio cruzeiro não resolve o problema do acolhimento de refugiados. “A situação continua a ser delicada. Precisamos de encontrar entre 20 mil a 30 mil novos lugares para poder dar resposta às solicitações”, disse a assessora da agência de migração à AFP.

Com quase dez mil pessoas pessoas a entrar no país por semana durante os meses de Outubro e Novembro, a Suécia esgotou a capacidade dos seus centros para migrantes e teve de recorrer às camas disponibilizadas por igrejas e mesquitas, ginásios e pavilhões municipais e unidades hoteleiras desocupadas durante o Inverno.

Incapaz de responder à crise, o país reintroduziu os controlos nas fronteiras, reduzindo o fluxo para as cerca de 700 entradas por semana. Mas com o fim do tempo frio, e a intensificação do conflito na Síria, as autoridades esperam que a pressão migratória volte a aumentar.

AR/Publico

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