O número de agentes da Polícia Nacional mortos a tiro no Huambo, alegadamente por elementos da seita religiosa “Kalupeteca”, aumentou para nove, depois de mais dois corpos terem sido descobertos na zona.
A informação foi confirmada ontem à agência Lusa por fonte oficial do comando provincial do Huambo da Polícia Nacional, acrescentando que outros dois agentes, feridos gravemente no mesmo tiroteio, permanecem hospitalizados.
O Governo do Huambo decretou hoje, segunda-feira, tolerância de ponto a partir das 12 horas, para permitir que a população participe nas exéquias dos nove policias assassinados quinta-feira por membros da seita Adventista do 7º do Dia Luz do Mundo.
As exéquias iniciam as 12h00 no Pavilhão Osvaldo Serra Van-dúnem, sendo que o enterro está marcado para 14h00 no Cemitério do São Pedro.
O incidente aconteceu durante a tarde de quinta-feira, em Serra Sumé, a 25 quilómetros da Caála, tendo os agentes, na versão policial, sido surpreendidos por elementos da igreja “Sétimo Dia a Luz do Mundo”, conhecida por queimar livros, travar a escolarização e vacinação dos fiéis, concentrando-os em acampamentos sem condições e reunindo centenas de pessoas.
Estes agentes tentavam na altura capturar o líder daquela seita, também após confrontos na província de Benguela que terminam na morte de outro agente da Polícia Nacional.
No local da concentração desta seita, em São Pedro Sumé, estariam mais de 2.000 fiéis, segundo relatos locais, que apontam igualmente para mortos entre os seguidores, na sequência da intervenção da troca de tiros, mas a informação não é confirmada pela polícia.
Entretanto, o líder da seita, Julino Kalupeteca, de 52 anos, já terá sido detido pela Polícia Nacional, no Huambo.
O governador da província do Huambo, o general Kundi Paihama, visitou o acampamento desta seita durante o dia de sábado, acompanhado pelo secretário de Estado do Interior, Eugénio Laborinho, e do segundo comandante-geral da Polícia Nacional para a Ordem Pública, comissário-chefe Paulo de Almeida, tendo apelado aos seguidores para regressarem às aldeias de origem.
Além do Huambo e do Bié, esta seita tem atividades conhecidas – ilegais por não estar reconhecida – nas províncias do Cuanza Sul, Cuando Cubango e Benguela, multiplicando-se nos últimos dias os confrontos com as autoridades e com a população.
O Ministério do Interior de Angola já exigiu que “os autores deste crime hediondo” sejam “levados à barra dos tribunais” e “exemplarmente punidos”, exortando a polícia para uma “resposta firme a todos quantos enveredem por este tipo de conduta, bem como aos eventuais instigadores de ignóbeis ações desta natureza”.