Os trabalhadores da Empresa Pública de Águas de Luanda (EPAL) ameaçam entrar em greve, a partir desta quinta-feira, para reivindicar três meses de salários e alguns subsídios em atraso, soube hoje a agência Lusa junto de fonte sindical.
O primeiro secretário da Comissão Sindical de trabalhadores da EPAL, António Gaspar, explicou que a decisão saiu da assembleia de trabalhadores realizada sexta-feira na capital angolana.
O responsável referiu que estão em causa o pagamento de salários referentes a dezembro de 2015 e janeiro e fevereiro deste ano, bem como de subsídios de alimentação, transporte e a atribuição de 3% dos subsídios descontados pela empresa desde 2012.
“Consideramos em falta o mês de fevereiro, porque tecnicamente a efetividade fechou no dia 03 e o pagamento para as contas dos trabalhadores é até dia 25, que faltam oito dias úteis”, explicou o sindicalista, em declarações à Lusa.
António Gaspar disse que os trabalhos ficarão paralisados a 75%, até que as reivindicações sejam atendidas, com destaque para os três salários.
“São situações recorrentes, porque o caderno é de 2012. Só estamos aqui para cumprimento dos acordos. Acordamos que os salários tinham que ser pagos dia 25 em função dos créditos que os trabalhadores têm com os bancos, pagando esses dois salários – dezembro e janeiro – os trabalhadores não vão ter nada por causa dos juros de mora”, lamentou o responsável.
Os trabalhadores reclamam ainda o facto de a entidade empregadora ter feito pagamento aos fornecedores, abdicando do compromisso salarial para com os trabalhadores.
Segundo António Gaspar, na quarta-feira a entidade patronal reuniu-se com os representantes dos trabalhadores, por orientação do ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, mas sem resultados.
“Eles dizem que não têm dinheiro, porque a ordem de saque que o Ministério das Finanças passou não tem cabimentação. Ora, isso nós já sabíamos, não podemos perder tempo para ouvir a mesma coisa, e perguntamos sobre o valor da arrecadação de dezembro e janeiro, onde é que estão, e não conseguem explicar”, frisou.
“Quer dizer, é uma autêntica brincadeira, como é que uma PCA [Presidente do Conselho de Administração] em exercício diz que quem pode dar essa informação é a responsável da área financeira, isso é brincadeira, então quem é a gestora principal, é a financeira ou é ela”, questionou.
Com cerca de 1.700 trabalhadores, a EPAL é a empresa pública responsável pela captação, produção, distribuição e comercialização de água potável à província de Luanda e arredores, possuindo contrato com cerca de 85 mil clientes diretos.
A partir de quinta-feira esses serviços poderão ficar afetados em 75%.
AR/Lusa