“Reagentes do VIH usados no país davam falsos resultados”, revela Directora do INLCS


A directora do Instituto Nacional de Luta Contra a Sida, Maria Lúcia Furtado surpreendeu a todos durante uma longa entrevista cedida ao Jornal de Angola, ao assumir que existiu no país um tipo de reagente que dava falso positivo no resultados do VIH. A responsável sublinhou ainda que, no país, cerca de 70 por cento das pessoas infectadas só se dirigem às unidades hospitalares quando estão com sinais e sintomas muito evidentes da doença, o que revela falta de cultura de fazer o teste com antecedência, sem depender de sintomas. 

Maria Lúcia Furtado assegurou que o mesmo reagente denominado por ‘Aria’, já esta fora de uso e os testes que foram feitos com o mesmo, foram repetidos.

“Em causa, estava um tipo de reagente que não fazia parte do nosso algoritmo. Algoritmo é a lista dos testes que são permitidos para identificação de uma determinada doença. Para detectar o VIH, fazemos sempre dois testes: um para rastreio e outro para confirmar. Os únicos testes aprovados para fazer o diagnóstico do HIV no país são o “Determine” e o “Unigold”. Acontece que apareceu outro tipo de teste no nosso sistema, concretamente em algumas províncias, chamado “Aria”. Os técnicos que se aperceberam da presença do mesmo avisaram e, sem demora, reagimos, escrevendo para a Inspecção Geral da Saúde, que, prontamente, tomou as devidas medidas, sendo uma a proibição do uso do referido teste”, disse a responsável que continuou esclarecendo que:

“Davam falso positivo, ou seja, indeterminados. Dos dois testes que eram feitos, um dava positivo e outro negativo. Este erro já foi corrigido. A empresa está a repor outro material e todos os testes feitos foram repetidos já com aqueles que fazem parte do nosso algoritmo”.

Maria Furtado disse ainda que Cunene é a província com maior prevalência, 6.1%, seguido por Cuando Cubango.

“Cunene é a província com maior prevalência. Tem 6,1 por cento. A seguir vem o Cuando Cubango, com 5,5 por cento, Moxico, com 4 por cento, Lunda-Sul, com 3,9 por cento, e Lunda-Norte, com 3,4 por cento. Luanda aparece com uma prevalência de 1,9 por cento, mas, apesar de apresentar essa prevalência, no terreno, o número de pessoas a viver com o VIH é maior, porque é a província mais populosa do país. As províncias do Zaire, Cabinda, Uíge e Huambo apresentam menos de 1 por cento”.

Sobre a possível razão para tanta variação nas percentagens das províncias a directora disse que o Instituto terá que fazer estudos para falar com propriedade sobre o tema.

“Temos de fazer estudo. Não podemos falar só por falar. Há estudos que dizem que a circuncisão é uma das medidas preventivas não só para o VIH, como para outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DTS). Se formos a ver, a província do Cunene tem menos homens circuncidados, mas tem a prevalência que tem. A província do Cuanza-Norte, por exemplo, não faz fronteira com países de alta prevalência, mas apresentou uma prevalência de 3 por cento, maior até que a média nacional. É preciso saber os principais motivos que fizeram com que a prevalência aumentasse nessa província. Durante muitos anos, Cuanza-Norte teve uma prevalência de menos de 1 por cento.”

Cerca de 310 mil é o número estimado de pessoas em Angola que estejam a viver com VIH. Destes, 190 mil são mulheres, muitas em estado de gestação.

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