Os professores de Luanda convocaram uma greve de três dias às aulas na província, em abril, como forma de protesto contra a falta de resposta das autoridades a várias reivindicações, entre as quais o aumento salarial.
A informação foi avançada hoje à agência Lusa pelo secretário provincial do Sindicato dos Professores (Sinprof), Fernando Laureano, depois de uma assembleia provincial que juntou, no sábado, cerca de 4.000 professores.
A paralisação, decidida após várias semanas de negociações com o Governo angolano, deverá ser alargada a outras províncias do país.
“A greve está declarada para os dias 05, 06 e 07 de abril, todas as províncias decretaram a greve. Será uma greve interpolada, a segunda fase acontece no mês de maio e a terceira fase da greve no mês de junho”, disse ainda Fernando Laureano.
O Sinprof diz aguardar desde 2013 por respostas do Ministério da Educação e das direções provinciais de Educação ao caderno reivindicativo, nomeadamente sobre o aumento do salário, a promoção de categoria e a redução da carga horária, mas “nem sequer 10% das reclamações foram atendidas”.
Fernando Laureano acrescentou que a comissão negocial do Ministério da Educação apresentou a 23 de março uma proposta de subsídios que remeteriam ao vice-Presidente da República, mas que os professores recusaram.
“Achámos que aquilo não era um documento credível, não nos satisfez e os professores chumbaram igualmente nesta assembleia”, acrescentou.
O ano letivo de 2017 em Angola arrancou oficialmente a 01 de fevereiro, com quase 10 milhões de alunos nos vários níveis de ensino, decorrendo as aulas até 15 de dezembro.
A direção provincial de Educação de Luanda considerou, no princípio do mês, em declarações à Lusa, que as preocupações dos professores em Luanda eram “residuais” e que não havia motivos “que bastem” para que os professores paralisassem com as aulas.
“No que diz respeito a Luanda, nós estamos tranquilos, porque não vemos assim motivos que bastem para que haja greve na data anunciada pelo Sindicato dos Professores Angolanos. Nós temos (…) alguns assuntos pendentes, que eu costumo chamar assuntos residuais, que estão já muito bem equacionados e encaminhados para as entidades”, disse então o porta-voz daquele organismo, Lourenço Neto.
Comentando as declarações do porta-voz da direção provincial de educação de Luanda, o sindicalista considerou que se traduz numa desconsideração das preocupações dos professores em Luanda.
“O facto de dizer que são questões residuais está mesmo a menosprezar as preocupações dos professores”, disse.
Para Luanda, no presente ano letivo, foi anunciada a contratação este ano de mil novos professores. Nesta província, o Sinprof refere contar com 16.534 filiados, num universo de 28.000 professores.
Com Lusa