Professor Elavoko felicita Cabingano e faz alerta sobre o programa “Na Lente”


Desde a estreia no passado dia 20 do mês de Julho, a Televisão Pública de Angola (TPA) e Cabingano Manuel têm recebido vários elogios mas desta vez foi o contrário. Depois da exibição da reportagem “Tudo pela Fé”, o professor Elavoco, da província da Huíla, afirma que o  mesmo claudicou quando seleccionou um determinado grupo de igrejas e evitou as outras.  

Após ter assistido às edições passadas do programa “Na Lente”, que tem roubado a atenção de muitos angolanos e gerado grandes reflexões sobre determinados factos relevantes que acontecem na sociedade angolana, e ciente de que suas palavras pudessem de algum modo chegar a Cabingano Manuel, o professor angolano Elavoko felicitou o profissional de jornalismo por todas suas iniciativas e projectos que têm contribuído de certa forma para o desenvolvimento da sociedade angolana e fez igualmente uma alerta para aquilo que tem sido a abrangência na abordagem dos temas.

“Para início de conversa, deixe-me felicitá-lo pelo seu bom trabalho, desde o seu regresso do estrangeiro, a passagem pelo Hora Quente, os projectos sociais de grande impacto à Juventude como o Espaço Aplausos, o despertar de talentos infanto-juvenis, enfim, mano, estás de parabéns e louvo suas iniciativas e saúdo efusivamente tuas brilhantes idéias, e o Na Lente, tem sido como que a cereja no topo deste bolo que está para além de delicioso tem meu respeito mano”, começou por escrever o seu extenso e reflexivo recado.

O professor fundamentou a sua “chamada de atenção”, dizendo que já tinha intenção de fazê-la aquando da edição em que foi abordado o tema “gravidez na adolescência”, por achar que a mesma foi superficial e parcial, e deu a entender que a ideia era mostrar a “vergonha de ser mãe na adolescência.

“Já queria escrever-lhe a quando da edição do “Na Lente” abordava a gravidez na adolescência. Achei a abordagem um pouco superficial e PARCIAL. Pareceu-me que o programa pretendia mostrar a “vergonha” De se ser mãe na adolescência e esperávamos mais dos comentadores. Aliás, ao invés de aplaudirmos o Bad Mimi como sendo o único pai que deu as caras, virou motivo de chacota. Até você que dirigiu a entrevista, nos levou a espezinhar o pobre jovem. Existem poucos jovens com a coragem do Bad Mimi. Penso que ao menos merecia o elogio de quem esteve a fazer a entrevista. Mas você nos levou a caçoar do rapaz ao ponto de tornar viral a imagem dele e até virou memes. O que me chamou atenção naquele jovem não são os 500 nem 1000kz que ele dá como assistência ao filho, nem tão pouco o português mal falado, mas a coragem dele. Para mim isso valeu muito mais que milhões. Alguns simplesmente fogem. O Na Lente precisa ensinar este ponto de vista (…) “.

A carta “aberta” se estendeu com as seguintes palavras:

A edição “Tudo pela Fé” foi a gota d’água ?deixou muito a desejar. Claudicou quando selecionou um determinado grupo de igrejas e evitou outro. Entendo por você não ser Teólogo, mas todos sabemos que és Jornalista e o Na Lente é um tipo de programa que exige um jornalismo de INVESTIGAÇÃO, portanto você ou a produção, investiga antes de produzir as matérias. Pelo menos é isso que pensamos
Dessa vez, mais uma a parcialidade que parece está a ser o pano de fundo de um programa líder de audiência. Por (co)incidência ou premeditação, surge o então Decreto Presidencial para “fechar” Algumas Igrejas. Adivinha quais? Aquelas ali… Para não ser visto como advogado do que está errado, porque por um lado só fez o seu trabalho, mas por outro, faltou mostrar o outro lado da Igreja…
Não foste muito feliz naquela edição e penso que recebeu muitas críticas .

Passaste a ideia de que o critério de igreja verdadeira e igreja falsa é a antiguidade e o número de fiéis… Os teus especialistas te induziram ao erro meu mano, existem muitas igrejas centenárias e com milhões de milhares de crentes que na sua essência são verdadeiras sinagogas de satanás (…) Oh Falhaste mano mesmo, ou se preferir, o programa falhou… Nem ao menos apareceste pra pedir desculpas, aliás, no Janela Aberta foste apenas pra se justificar…Mas deixa pra lá.

A propósito, vi o vídeo de lançamento do programa de hoje sobre “A Juventude e o Álcool”. O vídeo dura pouco mais de 1 minuto, portanto não deu pra saber o resto do conteúdo. Mas pelo que vi, mais uma vez a tendência de ir fazer reportagem nos bairros, entrevistar aqueles manos que bebem caporroto e as “kissanguas”…

Antes que o programa vá ao ar, nós esperamos sinceramente por um programa abrangente, inclusivo, que traga um panorama mais real. Um sentido de realidade, seja no gueto ou na city. Não vá entrevistar só os jovens dos becos. Se não conseguiu desta vez, sugiro que o faça noutros programas.

O mundo está a cada dia menos sério, e mais violento, menos atento, e mais distraído; menos sóbrio, e mais bêbado; menos real, e a cada dia, mais anestesiado por substâncias que nos tiram os “sensores” da vergonha e do medo e a cada dia somos mais terríveis, bandidos, assassinos, diabólicos, malucos, loucos, mentirosos, vigaristas e vagabundos! Na cidade também tem esses ali.

Então não nos faça crer que o seu programa só aborda os coitados… A esta hora já deve ter todo conteúdo elaborado, mas pedimos que nos traga também jovens da classe média, traga a realidade mais completa possível, se não for pedir muito claro. Talvez não concorde, mas gostaria lembrar-lhe de que os que estão a matar as pessoas com acidentes não são os consumidores de Cocaína; os pais que batem nas mães não fumam liamba; as mulheres que “vivem” nas noites e nas festas não sei se conhecem as drogas mais “chiks”, e outras substâncias químicas de uso exclusivo da elite… O nosso vilão mesmo é o álcool! Aliás, parabéns pelo tema escolhido. Vai nos fazer refletir sobre a Lena? Sabia que é a segunda música “Mais querida” de Angola? (…) Como não queria estar mais nos comentários pós-programa. Não queria ficar no grupo dos que viram e “não gostaram”, dos analistas de erros e acertos depois de tudo feito. Por isso escrevi agora. É verdade que não dá pra esgotar os temas num programa de uma hora, então sugiro que quando o assunto se justifica, faça duas edições sobre o mesmo assunto. Traga as reações dos telespectadores; procure esgotar o assunto, o máximo possível, sei lá, faça o seu trabalho. Estou certo que você pode! Sei que é muito ocupado com seu bom trabalho, então não quero roubar mais do seu precioso tempo, receba apenas o humilde e caloroso abraço do Professor Elavoko, algures na Huíla”.

De relembrar que o professor Elavoco, não foi o único a fazer críticas sobre o programa, o jornalista da Tv Zimbo Pedro Paxi, também escreveu na sua conta do Facebook, sobre a falta de profundidade no tema “Tudo pela Fé”.

 


Gostou? Partilhe com os teus amigos!

0 Comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *