Preço do dólar nas ruas de Luanda cai ate 15% e passa a custar 425 kwanzas


O preço para comprar um dólar nas ruas de Luanda já desceu 15 por cento desde o início do ano, registando uma nova quebra na última semana, para uma média de 425 kwanzas (2,37 euros).

Esta segunda quebra semanal foi constatada pela Lusa numa ronda feita ao início da manhã de hoje pela capital angolana e contrasta com o pico de 500 kwanzas (2,80 euros) nos primeiros dias de 2017, apesar de persistirem limitações no acesso a divisas nos bancos.

Há precisamente uma semana, cada dólar era vendido a 470 kwanzas (2,62 euros), em média, mas as ‘kinguilas’ de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, atividade ilegal, insistem que o preço vai continuar em queda por ter aumentado a quantidade de divisas no mercado paralelo.

Apesar dos preços especulativos, ainda três vezes acima da taxa de câmbio oficial face às dificuldades na banca, o negócio de rua ainda é uma alternativa para nacionais e estrangeiros que necessitam de divisas.

Desde o início do ano, entre algumas pequenas oscilações, o preço do dólar na rua não para de descer, registando uma quebra acumulada na cotação média de 15%.

A venda de cada dólar está hoje fixa nos 420 kwanzas no bairro do São Paulo (465 kwanzas na semana anterior) e no bairro dos Mártires de Kifangondo (455 kwanzas na anterior).

Na Mutamba, a nota de dólar norte-americano é transacionada a 440 kwanzas (470 kwanzas na anterior), enquanto as ‘kinguilas’ do Maculusso a vendem a 430 kwanzas (480 na anterior).

Face à falta de dólares, estas taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho.

A inflação também se ressente desta conjuntura e os preços entre janeiro e dezembro de 2016 subiram 42%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística angolano.

O Banco Nacional de Angola (BNA) garantiu em dezembro que não prevê qualquer nova desvalorização do kwanza, face à “tendência de estabilidade” dos preços, e já no final de janeiro vendeu aos bancos o valor máximo de divisas desde praticamente o início da crise, em 2014: mais de 600 milhões de euros no espaço de uma semana.

“Tendo em conta a tendência de estabilidade do nível geral dos preços e consequentemente a desaceleração da taxa de inflação mensal, o BNA reafirma o seu engajamento na preservação do valor da moeda nacional, razão pela qual não haverá desvalorização do kwanza”, lê-se num documento do banco central angolano, de dezembro.

Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.

A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (95 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.

“O BNA continuará a disponibilizar as divisas de forma regular ao câmbio de 165,8 kwanzas por um dólar dos Estados Unidos da América, não havendo necessidade dos operadores do mercado alterarem os preços dos bens e serviços”, garantiu então o banco central, na última informação sobre matéria cambial.

Lusa


Gostou? Partilhe com os teus amigos!