Preço do dólar cai para 500 kwanzas nas ruas de Luanda


O preço pedido por uma nota de dólar norte-americano nas ruas de Luanda caiu mais de 15% na última semana, para 500 kwanzas, ainda muito acima da taxa de câmbio oficial, que ronda os 166 kwanzas.

A situação foi verificada pela Lusa numa ronda feita hoje pelas ruas da capital, que coincide com a chegada a Luanda de uma delegação do Fundo Monetário Internacional (FMI) para avaliar os termos de um programa de assistência a três anos, solicitado pelo Governo angolano.

Há precisamente uma semana, eram necessários mais de 600 kwanzas para comprar uma nota de dólar na rua, tendo em conta que a transação nos bancos comerciais e casas de câmbio se tornou virtualmente impossível, devido à falta de divisas.

O preço na rua desceu assim fortemente, também depois de o Banco Nacional de Angola (BNA) ter quadruplicado o total de divisas vendidas aos bancos, para vários fins, na última semana, tendo chegado aos 265,7 milhões de euros (apenas em moeda europeia).

Contudo, na rua, quem vende não aponta uma explicação para estas flutuações, que quebram semanas de consecutivas subidas.

Nesta ronda, a Lusa encontrou quem vendesse uma nota de dólar a 550 kwanzas no bairro do São Paulo e a 500 kwanzas nos Mártires do Kifangondo. Noutra zona do centro de Luanda era possível comprar a mesma nota norte-americana por 480 kwanzas, no bairro do Prenda, e até por 450 kwanzas – um dos valores mais baixos em algumas semanas – na Mutamba.

Mantêm-se, no entanto, os receios das mulheres que vendem divisas na rua, conhecidas como ‘kinguilas’, que admitiram à Lusa desconfiar de qualquer abordagem, por recearem tratar-se de polícias à civil.

As várias detenções anunciadas na última semana pela polícia, na sequência do pedido de intervenção do BNA tendo em conta os preços especulativos praticados, continuam a ser tema de conversa pelas ruas de Luanda entre quem se dedica ao negócio.

Apesar de questionadas sobre os preços, algumas destas mulheres chegam a negar que estejam no negócio, para testar a insistência e real interesse dos clientes.

O BNA recomendou em maio, às “autoridades competentes”, um “maior controlo e responsabilização dos agentes promotores do mercado informal de moeda estrangeira”, ao mesmo tempo que pretende que a supervisão do banco central seja “mais atuante e enérgica na preservação da ética e cumprimento das normas do sistema financeiro”.

A crise cambial que o país atravessa, decorrente da quebra na cotação do petróleo, tornou praticamente impossível a compra de dólares aos balcões comerciais.

Neste contexto, a opção pelo mercado de rua tem sido o último recurso para estrangeiros e nacionais, que necessitam de sair do país com divisas, apesar de as taxas de câmbio nunca terem sido tão altas.

A crise provocada pela quebra na cotação internacional do barril de crude levou o Governo angolano a acelerar, em janeiro, o programa de diversificação da economia nacional, tendo solicitado em abril um programa de assistência, com um possível envelope financeiro, ao FMI.

Os termos desse apoio serão definidos durante a visita de trabalho da equipa do FMI, que arrancou na quarta-feira, em Luanda.

As reuniões decorrem até 14 de junho, e envolvem contactos da delegação do FMI com responsáveis dos ministérios das Finanças, da Economia, do Planeamento e Desenvolvimento Territorial e do Comércio, BNA, Sonangol e bancos públicos e privados, entre outras entidades.

 

Lusa

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